O ítalo-canadense surpreendeu muitos ao, após correr apenas dois anos nos Estados Unidos, assumir o #29 da Andretti Steinbrenner Autosport. Como isso aconteceu?


Foi anunciado essa semana o último piloto que fará a temporada completa na Andretti Autosport, e ele é o ítalo-canadense Devlin DeFrancesco. Nas últimas semanas ele e Kyle Kirkwood (atual campeão da Indy Lights) vinham treinando pela equipe, mas na quinta-feira a equipe de Michael Andretti optou por Devlin.


Bem, é muito importante dizer que a escolha não foi por desempenho. Kirkwood foi campeão da F-4 USA em 2017, da F-3 Americas e da USF2000 em 2018, da Indy Pro 2000 em 2019 e da Indy Lights esse ano. Tendo em vista que não houve Indy Lights no ano passado, Kirkwood tem a distinta marca de ser campeão de todos os campenatos que disputou todas as provas desde que fez sua segunda temporada na F-4 USA, em 2017.


Em contrapartida, o desempenho de Devlin não foi tão bom. Após ser campeão da F-3 espanhola em 2017, acabou ficando preso na sequência de F-3 e GP3, e acabou não conseguindo vaga para subir mais na carreira e, no final de 2019, acabou retornando para os EUA. testou pela Indy Lights no fim daquele ano mas entrou na Indy Pro 2000 porque não haveria Indy Lights naquela temporada. Correu pela Andretti na Indy Pro 2000 em 2020 e pela Indy Lights esse ano, onde foi vice-campeão da Indy Pro e sexto colocado no campeonato da Lights em 2021.


Os resultados não saltam aos olhos, e ficam um pouco piores quando você analisa o contexto. Devlin entrou como o franco favorito na Indy Pro pois, mesmo sendo novato, a Andretti Autosport era a única que conseguiu manter seu orçamento completo durante a pandemia, enquanto todas as outras equipes tiveram grandes cortes. Seu maior rival seria Sting Ray Robb, que estava na competente Jucos Racing e o piloto tinha a experiência de correr sua quarta temporada na categoria, mas que o piloto teria apenas três conjuntos de chassi e motor para correr a temporada completa. Se seu carro quebrasse ou ele batesse mais que três vezes, acabava o ano, como aconteceu com seu companheiro de equipe Nate Aranda.


Durante o ano, enquanto Devlin brigava com o também novato Artem Petrov, e com os pilotos de equipe com estrutura bem inferior, como Hunter McElrea e Danial Frost, Sting Ray Robb dominou o campeonato a partir de Indianápolis Misto. Sting Ray Robb, que não é um piloto excepcional e vinha em uma equipe com estrutura bem debilitada, venceu o campeonato com quatro corridas de antecedência e conquistou sete vitórias, enquanto Devlin garantiu o vice-campeonato na última corrida, com apenas duas vitórias.

Devlin parabenizando Kirkwood pelo campeonato.

Ele subiu para a Lights, para um grid muito mais equilibrado. Entrou com três companheiros de equipe e com uma certa expectativa do que ele faria em um ambiente bem mais competitivo que a Indy Pro 2000 do ano passado. Bem, ele não surpreendeu. Ele ficou um bocado atrás dos pilotos da HMD e também de Kyle Kirkwood, que disputaram um pouco mais ativamente pelo título e monopolizavam as vitórias. Enquanti isso, Devlin brigava com seus outros companheiros de equipe no meio do pelotão e terminou o ano no sexto lugar (com nove pilotos fazendod a temporadda completa) ficando atrás até mesmo de Danial Frost, que subiu junto com ele da Indy Pro para a Lights.


Nessa temporada da Lights foi possível ver que o piloto em si é rápido mas não tem aquele desempenho que salta aos olhos, além de cometer alguns erros em disputas de posição (ele foi punido três vezes durante o ano por contato evitável e uma vez por queimar a relargada e jogar seu companheiro de equipe para fora da pista em Laguna Seca) mas nada que saia fora do normal para alguém no primeiro ano de Lights, que precisaria de mais uma temporada ou duas para subir para a Indy em uma equipe mediana.


Então, a escolha entre Kirkwood e De Francesco, como podemos ver, não teve muito a ver com desempenho, mas sim com outros três fatores.


O primeiro, óbvio, é dinheiro. Devlin é filho de Andrew de Francesco, dono da Sol Global Investiments, um conglomerado de empresas canadenses de várias áreas e que se aproxima do meio bilhão de dólares em valor. Assim sendo, Devlin de Francesco está na leva de pilotos canadenses ricos, assim como Lance Stroll e Dalton Kellett.


No entanto, pode parecer estranho, mas geralmente não basta apenas ser rico para entrar na Andretti. O grande exemplo disso é o próprio Dalton Kellett, que tem resultados do nível de DeFrancesco na Lights e é tão rico quanto, mas não entrou na Andretti e muito provavelmente deve amargar uma terceira temporada na Foyt. 


Isso porque, além de rico, ele conseguiu a influência das pessoas certas. Devlin tem pessoas influentes ao seu lado que o levaram ou a patrocínios bastante sólidos ou a literalmente abrir portas que normalmente estariam fechadas. Ele, desde o início da carreira, teve grandes pilotos próximos, como Juan Pablo Montoya durante o tempo do Kart europeu (que lhe rendeu o patrocínio da All In Sports), recebeu um ano de mentoria em 2015 de Tony Kanaan pelo programa de descobrimento de pilotos da Chip Ganassi Racing. Durante sua passagem na F-3 espanhola se aproximou de Fernando Alonso, e até patrocina Devlin através da sua marca de roupas, a Kimoa.

Alonso, Montoya, Rubinho, Mike Tyson, George Steinbrennner... isso que é uma rede de contatos (e um porco).

Mas talvez o contato mais importante seja com a família Steinbrenner. A amizade com George Steinbrenner o ajudou muito a alçar sua carreira nos Estados Unidos, pois praticamente o colocou na Andretti desde a Indy Pro 2000 e lhe conferiu vantagem sobre Kirkwood na hora de fechar o carro #29, que é o carro que a equipe de Michael Andretti tem em parceria com a família Steinbrenner. 


A questão que fica é: isso é justo? Bem, depende. Muitas vezes em vários períodos na história do automobilismo a habilidade pra pilotar foi preterida por influência e habilidades em contatos ou por simplesmente dinheiro. Hoje em dia, pilotos não são apenas máquinas de pilotar e ser uma pedra no quesito socialização e influência, pois no automobilismo o que mais se corre é dinheiro e influência, se você não entra no ambiente então esse não é o seu lugar. O caso de Devlin DeFrancesco e Kyle Kirkwood é só mais um deles.


O ponto é que, na grande maioria das vezes, a influência e o poder não te garantem para sempre. Excetuando raros casos onde o piloto é parente próximo do dono, não há lugar 100% garantido na Indy para sempre, e pode-se ter a influência que for, mas os resultados devem aparecer, ainda mais estando na Andretti Autosport.


Kyle Kirkwood, por ser campeão da Indy Lights, tem o patrocínio garantido para três provas incluindo a Indy 500, sendo que Foyt, Dale Coyne, Ed Carpenter e Juncos/Carlin ainda tem vagas. O americano terá chances em uma equipe pequena para mostrar algum trabalho e se garantir na categoria a la Josef Newgarden. 


Enquanto Devlin DeFrancesco terá uma pedreira pela frente. O piloto de apenas 21 anos (terá 22 quando estrear) está num carro da Andretti, onde espera-se grandes resultados, e além disso tem como companheiros de equipe os já consolidados Colton Herta e Alexander Rossi e a sensação Romain Grosjean. Sua vida não será nada fácil no #29.

5 comentários:

  1. Que escolha mais bosta. Assim fica difícil a Indy conseguir credibilidade.

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  2. Se Kyle Kirkwood fica fora da temporada completa da Indy no ano de 2022,sendo que ele tem o recorde absoluto do Road to Indy é uma vergonha e se questiona se é pra manter nessas configurações o Road to Indy. Porque se é pra ser assim um piloto dominar as categorias de acesso é não conseguir chegar no grid, e pra se questionar pra que ter Road to Indy. É não falo somente do Kirkwood( tem tantos outros que vieram do Road to Indy antes dele e também não consegui vaga no grid, mas isso é assunto pra outros carnavais)

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  3. Se talento e resultados fosse primordial, Matheus Leist ainda estaria no grid. A equipe que garantir o Kirkwood vai se dar bem !

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  4. A julga pelo "grande trabalho" que George Steinbrenner faz a frente dos Yankees, o carro #29 não a lugar algum

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