Em uma série do nosso site, vamos ver sobre os circuitos da história da Indy,e seguimos para a segunda parte da série: os cinco piores circuitos mistos que a Indy já viu.


A pré-temporada da Indy é bem grande e manter o interesse das pessoas nesse longo tempo é bem complicado. Para nossa sorte, a Indy é uma categoria com uma história gigantesca, o que nos dá munição para boas histórias e até mesmo série de postagens como essa. Pra começar, vamos fazer uma série de SEIS postagens sobre circuitos, falando sobre os melhores e os piores circuitos em cada uma das três categorias: ovais, mistos de autódromo e de rua.

 

Apesar de estarem desde os anos 50 e 60 no automobilismo de ponta, incluindo a Fórmula 1, os circuitos mistos de autódromo estiveram nos calendários da Indy, mas apenas após meados dos anos 80 esse tipo de circuito entrou mais em voga para os amantes da categoria. 

 

Por esse motivo, não existem tantos circuitos de autódromo assim para se escolher os cinco melhores e os cinco piores (foram cerca de 25 circuitos que eu pesquisei antes de fazer as listas de circuitos mistos, nem metade do pesquisado para ovais, por exemplo) e, por esse motivo, os cinco piores circuitos não são tão piores assim quanto o visto para os ovais e para os circuitos de rua.


Outro ponto é que a decisão dos cinco melhores ou piores circuitos é, basicamente, nossa. Os circuitos aqui listados não é nada mais nada menos que nós ditando regra e mostrando alguns circuitos. Caso discorde ou tenha algum circuito para apontar, comente sua lista pra gente ver! 


5º: Pacific Raceways (1969)


S E G U R A N Ç A

Começamos por um bastante obscuro. O Pacific Raceways é um circuito acanhado  que consiste, basicamente, em um circuito misto de 3,62 km e uma reta de dragster de aproximadamente 800 metros encravada no meio da floresta de Kent, em Seattle. Ele foi inaugurado em 1959 e, por ser um dos poucos associados da SCCA no pacífico norte, recebeu várias categorias que eram afiliadas a essa sanção nos anos 60, como a Trans-AM, a continental Championship, a United States Road Racing Championship e a Fórmula 5000 (talvez você não conheça vários desses campeonatos, mas eles eram muito importantes na década de 60).


Por ser um circuito razoavelmente badalado na década de 60, o piloto Dan Gurney bancou uma rodada dupla da USAC em Pacific Raceways, sediando a vigésima e antepenúltima etapa do longuíssimo calendário da USAC em 1969.


Mas o fato é que o circuito não era muito grande ou atraente. Com dez curvas, o circuito tem como curvas, basicamente, quatro hairpins e uma bus stop alongada, sendo que por grande parte do circuito fora da reta principal não possuem áreas de escape ou até mesmo guard rail ou outro tipo de barreira, com o limite de pista estando muito próximo de barrancos e árvores. Isso fazia com que o Pacific Raceways fosse um circuito consideravelmente perigoso para os carros grandes e potentes da USAC do fim da década de 60. Ah sim, até hoje o circuito não possui qualquer tipo de barreiras ou muros em 3/4 do circuito, com um cone  e meio metro de grama separando pista de uma colina ou barranco.


Por esses motivos, além da premiação não muito atrativa e o circuito ficar consideravelmente isolado em Seattle, muitos pilotos regulares do grid da USAC não foram, sendo que o grid da categoria consistia basicamente nos quatro primeiros colocados do campeonato da USAC, os amigos de Dan Gurney do grid e alguns pilotos que moravam relativamente próximos ao circuito, como no Canadá ou na região de Washington e no Oregon.


Assim, nos primeiros treinos livres haviam apenas catorze carros no grid. Nesse mesmo dia, o circuito recebeu mais cinco carros que corriam na SCCA e tinham carros fora do regulamento, mas lhes foi permitido correr mas não marcariam pontos para o campeonato. Com isso, o grid aumentou para 19 carros.


As duas corridas da rodada dupla foram consideravelmente desanimadas, onde na primeira corrida apenas os dois primeiros terminaram a corrida nas mesma volta (com 45 voltas completadas) e o quinto colocado, John Cannon, terminou a quatro vitórias do vencedor Mário Andretti, que liderou de ponta a ponta a corrida. A segunda corrida foi melhor, onde os três primeiros terminaram na mesma volta de Al Unser, que liderou de ponta a ponta a corrida, e o quinto colocado, Bobby Unser, ficou apenas duas voltas atrás do vencedor.


A pista nunca mais recebeu corridas da Indy após 1969 e, nos anos 70, a pista começou a perder popularidade junto com a SCCA. Nos anos 80 a pista foi revitalizada, onde se construiu a primeira arquibancada fixa (sim, a prova da USAC aconteceu sem arquibancadas, nem fixas nem provisórias) e uma reta de dragster, que sedia várias corridas da NHRA até hoje.


Fique abaixo com uma volta on board do circuito. Não é uma volta com um carro da USAC pois não achei um vídeo de qualquer coisa relacionada a categoria no Pacific Raceways. O carro no vídeo é um Fórmula Mazda, categoria da SCCA que corre com os antigos fórmula Mazda da década de 90, pilotado por TJ Fisher, que foi companheiro do brasileiro Nicolas Costa na Pro Mazda:



4º: Circuito de Zolder (2007)




O circuito de Zolder é um dos templos do automobilismo dos anos 60 e 70, sediando até mesmo corridas da Fórmula 1 durante esse período mas, com o passar do tempo e várias mudanças por segurança, o circuito acabou envelhecendo mal.


Hoje em dia, depois da inserção de três chicanes que não só reduzem a velocidade total do circuito como atrapalham bastante na tocada do circuito, que se tornou muito menos fluida, e chicanes muito apertadas e literalmente no meio de grandes retas em um circuito muito estreito em praticamente todos os 4,011 quilômetros fazem com que ultrapassagens se tornassem um evento cada vez mais raro para carros de monopostos.


Por esse motivo, depois dos anos 90, muitas das categorias  de monopostos acabaram saindo de Zolder, ficando principalmente categorias de turismo, como a DTM, a NASCAR Euro e a DSC holandesa, eventos de endurance e categorias de motociclismo, como a Superbike. Foi nesse clima que, em 2007, a Champ Car World Series decidiu honrar mais a parte World Series em seu nome e fazer corridas em solo europeu, correndo no Circuito TT Assen e em Zolder. 


A corrida em si não teve nada especial para a Champ Car da época, mas foi muito diferente para os padrões da Indy. Com largada parada, a estreia do push to pass (que na época era chamado de power to pass) e corrida terminada no tempo de de 1h45, bem como todas as outras corridas do ano.


Tem algumas voltas on board da Champ Car em Zolder, mas todas elas estão em considerável baixa qualidade devido as várias vezes que a câmera perde contato e fica em estática. Então, decidi cortar uma parte da corrida de 2007 onde a transmissão fica fixa em Jan Heylen por quase três voltas inteiras. Vale mencionar que Heylen estava sem a sétima marcha do carro desde o segundo dia de qualificação, mas a Conquest não trocou o câmbio porque ela não tinha câmbios reserva:

 

 


3º: Mid-Ohio Sports Car Course (1980-89)

 

Não é a versão normal, é a de Chernobyl.

O circuito de Mid-Ohio sempre foi apontado no calendário da Indy como um circuito ruim. Alguns pilotos gostam de correr em Mid-Ohio pelas grandes mudanças de elevação do circuito, o que parece ser realmente o grande destaque do circuito, mas um traçado muito lento e com todas as retas (com exceção da reta após a Keyhole) sendo pequenas, as ultrapassagens são sempre complicadíssimas no circuito de Lexington. 


Isso faz com que as corridas sejam demasiadamente travadas e muitas vezes decididas na estratégia de combustível. Mas mesmo nessa parte Mid-Ohio não oferece muito, pois desde meados dos anos 2000 existem apenas duas estratégias: o pessoal que economiza para fazer duas paradas e o pessoal que anda mais rápido mas faz uma parada a mais.


Mas o que muito não sabem é que o traçado que vemos atualmente em Mi-Ohio é a melhor versão da história dele na Indy. Desde quando o circuito entrou na CART, quase junto com a fundação desta, o circuito era ainda mais estreito, principalmente na maior reta do circuito, logo após a curva dois.


Lembrando que nessa época a curva dois chamada de keyhole não era a curva dois pois, nos anos 80, essa curva era precedida por um crime automobilístico que é uma chicane antes de um hairpin. Esse crime digno de circuitos de Hermann Tilke como Yas Marina não só dificultava as raras tentativas de ultrapassagem na freada do Keyhole quanto atrapalhava o carro de trás emparelhar no da frente e tentar alguma coisa no fim da reta seguinte que, na época, mal cabiam dois carros lado a lado.



Felizmente, já na corrida de 1990 as duas curvas que antecedem o hairpin foram retiradas e, alguns anos depois, a reta e algumas outras áreas do circuito foram alargadas para, quem sabe, tentar proporcionar alguma diversão ao público.


2º: Brands Hatch Indy Layout (1978 e 2003)


A Indy correu em ""Brands Hatch""
A Indy correu na Inglaterra algumas vezes, fazendo com que eles fossem o país europeu que mais vezes recebeu a categoria ao longo da história. Em toda a história a categoria correu em três autódromos: primeiro em Silverstone com a USAC em 1978 e em Rockingham em 2001 e 2002, num oval construído principalmente para receber a CART.


Mas, bem como aquele meme do dragão de três cabeças, tem um circuito que destoa dos outros. A Inglaterra tem uma pletora de bons circuitos que receberiam muito bem a Indy, e a categoria escolheu tanto correr tanto com a USAC 1978 quanto com a CART em 2003 em Brands Hatch. 

 

Estaria tudo bem se fosse no circuito completo, com uma grande reta e curvas bastante desafiadoras na parte da floresta, onde teríamos um circuito bem mais seletivo e com maior emoção. No entanto, tanto em 1978 quanto na volta que ocorreu 25 anos depois, o traçado escolhido foi o Club Circuit, que foi renomeado para Indy circuito em 1978 com a presença da USAC.


Minúsculo, o que o faz ficar extremamente repetitivo, sem grandes pontos de aceleração e consideravelmente tedioso, a maior atração da pista era os carros da Indy andarem mais vezes pela Paddock Hill Bend, uma das curvas mais fantásticas da Europa, mais vezes pelo circuito ser pequeno.




1º: NOLA Motorsports Park (2015)

 

Imagine se essa área alaga...

 

Não é muito surpresa o NOLA Motorsports Park estar em primeiro na lista. No entanto, muito diferente da grande maioria dos circuitos que foram parar nas listas de piores circuitos, o traçado é até razoável.

 

O NOLA Motorsports Park teve o traçado planejado por Alan Wilson (o mesmo que fez o traçado de Barber) e tem um traçado consideravelmente simples, com algo parecido de Portland só que com curva mais anguladas, com múltiplas tangências como a grande maioria dos circuitos novos feitos a partir de 2005 e é completamente plano. Com duas partes do circuito onde os pilotos conseguiam um grande tempo de aceleração, o circuito propicia dois bons pontos de ultrapassagem e promete corridas boas.


O grande problema de NOLA não é o traçado, mas o resto. O autódromo foi todo construído em meio a uma área bastante pantanosa próxima a New Orleans, Louisiana, que possui grandes períodos de chuva e monções, além de ser atingida por furacões e tempestades tropicais com considerável constância. 

 

Com isso, o circuito ser atingido por chuvas não é incomum. Por esse motivo, o NOLA Motorsports Park tem uma grande estrutura, com arquibancadas fixas modernas um padoque grande preparado contra inundações e um sistema de drenagem de primeira linha. 

 

Só que não. O sistema de drenagem da pista era altamente insuficiente, o que fazia com que poças d'água se acumulassem em várias partes da pista e das áreas de escape. O pit lane da pista também inundou pois o fraco sistema de drenagem não contemplava a pista do pit lane e, mesmo usando sacos de areia para tentar impedir que a água passasse do padoque para essa área, ele inundava com facilidade. Padoque e os dez mil lugares das arquibancadas também inundavam com facilidade. Isso tudo é muito estranho, porque o custo total da construção de NOLA passa dos 60 milhões de dólares.


A primeira e única corrida da Indy foi realizada em abril de 2015, numa época bem propícia para chuvas e mau tempo (similar ao que acontece em São Paulo), daí o problema já estava armado. Choveu muito, tanto a qualificação quanto a corrida foram atrapalhados pela chuva e pelas gigantescas poças d'água que se formavam. 


Ao invés de encerrar a prova, tanto a direção da Indy quanto os promotores da prova e os donos do circuito decidiram continuar, e o que se viu foi uma grande sequência de largadas, relargadas e bandeiras amarelas. Após excedido o tempo limite de 105 minutos, os pilotos tinham dado apenas 47 das 75 voltas programadas, percorrendo apenas 207 quilômetros.


Com o evento sendo um retumbante fracasso devido a presença de apenas dez mil espectadores em uma prova sem patrocínio principal, o evento não foi renovado. Isso também rendeu vários problemas, onde a dona do circuito, Laney Chouest, processou a categoria por danos, além da prova ser um dos pivôs de uma das ações mais estranhas da categoria, onde uma parte da empresa dos Andretti processou outra parte das empresas Andretti. Tanto Chouest quanto a parte 1 da Andretti perderam suas ações. 


Chouest jurou que a Indy nunca mais pisaria em NOLA, mas acho que isso na verdade é um livramento para a categoria.



E esse é o final do terror dessa lista! Se bem que, comparando com as listas de ovais e as dos circuitos de rua, não foram tão ruins assim. Além disso, logo logo tem a lista com os melhores circuitos de autódromo para melhorar as coisas!



Essa é uma série de seis postagens sobre circuitos! Acompanhe as outras aqui:
  

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