Na última parte da nossa série especial sobre os circuitos da Indy, falamos sobre um tópico que todos os fãs gostam: os ovais mais icônicos da categoria.

Por incrível que pareça, tem Iowa na lista

A pré-temporada da Indy é bem grande e manter o interesse das pessoas nesse longo tempo é bem complicado. Para nossa sorte, a Indy é uma categoria com uma história gigantesca, o que nos dá munição para boas histórias e até mesmo série de postagens como essa. Pra começar, vamos fazer uma série de SEIS postagens sobre circuitos, falando sobre os melhores e os piores circuitos em cada uma das três categorias: ovais, mistos de autódromo e de rua.
 
O circuitos ovais são a alma e a tradição tanto da Indy quanto do automobilismo americano em si. Isso porque as primeiras corridas de automobilismo autorizadas aconteciam principalmente em hipódromos, que eram ovais por costume. Os ovais sempre estiveram na categoria desde seus primórdios até hoje e, apesar de ser apenas um circuito com todas as curvas para o mesmo lado, existiram tantas peculiaridades, características e mudanças durante os anos que não é exagero dizer que cada oval cria sua personalidade.
 
Mas, nessas características, alguns ovais se destacam em relação aos outros entregando um conjunto de desafio e grandes corridas além de muitos deles entrarem para sempre na história da categoria. Vamos comentar de cinco destes ovais, os que, na nossa visão, são os melhores da história da Indy.

Observação: os circuitos aqui listados não é nada mais nada menos que nós ditando regra e mostrando alguns circuitos. Caso discorde ou tenha algum circuito para apontar, comente sua lista pra gente ver! 


Bônus: o melhor oval curto da Indy: Iowa Speedway (2007-2020)


Os ovais curtos são quase uma categoria a parte de ovais pois a dinâmica toda do oval é muito diferente. Esses tipos de ovais exigem habilidades diferentes dos pilotos, como economizar combustível e conseguir negociar muito bem ultrapassagens no tráfego, e exigem também muito dos ajustes no equipamento de uma forma que qualquer outro tipo de oval não consegue trazer.

No entanto, as corridas não costumam ser tão animadas assim, tornando a corrida muito mais um jogo de estratégia do que outra coisa. Assim, esses ovais são mais difíceis de cair no gosto do público. Aqui tratamos de um a grata exceção, o Iowa Speedway.

Construído em 2006, sendo um dos últimos ovais asfaltados a serem construídos no mundo, o Iowa Speedway é um oval em "D" e foi chamado de mini-Michigan por ter várias características iguais ao oval maior, como o formato em D, a inclinação e a largura da pista. No entanto, o circuito de Iowa tem aproximadamente apenas 7/8 de milha, enquanto o circuito em Michigan tem duas milhas.

Por ser consideravelmente inclinado, num formato onde as curvas não são tão fechadas quanto outros circuitos ovais curtos e também por ser bastante largo, uma volta em Iowa tem uma alta média de velocidade, o que gera não só uma dinâmica maior nas provas, já que o tráfego fica um pouco mais fácil de ser superado e a economia de combustível fica mais difícil, mas também dá maior facilidade de dois carros ficarem lado a lado, até mesmo por voltas inteiras.

Por essas razões Iowa Speedway tem menção honrosa nos ovais curtos.
 
Na visor cam, Ed Carpenter em 2016:


Melhor oval assimétrico: Pocono Speedway (1971-1989, 2013-2019)


Esse circuito já faz parte da história da Indy. O Pocono Speedway tem estrondosas duas milhas e meia de extensão e três curvas que emulam curvas de outros circuitos. Após uma longa reta vem a curva um, mais inclinada e apertada simulando as curvas do antigo oval de Trenton, depois seguindo para a curva dois inspirada em Indianápolis, com menor angulação e inclinação e, por fim, a curva três inspirada em Milwaukee, com quase 180 graus de angulação e sem inclinação.

O circuito lembra muito um circuito misto mas as grandes e largas retas e curvas inclinadas, o que o faz ter uma dinâmica de oval. É um circuito único e que traz corridas únicas (nem sempre boas, mas sempre únicas).

Além disso, a história de Pocono na Indy também é bastante peculiar, com várias rusgas entre os donos dos circuitos e a administração tanto da USAC como da CART e até da IndyCar. Contamos com mais detalhes nessa série de duas postagens aqui.

E, por essas razões, o Pocono Speedway é o melhor circuito oval assimétrico da Indy.
 

 


Agora, vamos à lista de verdade:

5º: Chicagoland Speedway (2001-2010)




A primeira vista parece aqueles típicos ovais em formato "D" de uma milha e meia que foram construídos em massa na década de 90 e encheram tanto o calendário da NASCAR quanto da IRL até o final dos anos 2000. 
 
Mas, ChicagoLand é especial. É um oval que não tem tanta variação tanto de inclinação quanto de angulação, já que tanto a reta principal quanto a reta oposta não são retas e ambas possuem inclinação de onze e cinco graus, respectivamente.

Isso faz com que o circuito seja particularmente fácil de pilotar e ajustar os carros, já que tudo acontece mais suave e gradualmente (virar o volante, acelerar e etc.) favorecendo a possibilidade de vários carros ficarem lado a lado por muito tempo sem perder velocidade.

Mas se engana quem acha que os pilotos tinham vida boa em ChicagoLand, pois a pista era muito fácil de se pilotar sozinho, mas em grupo a vida dos pilotos se tornava um inferno, pois a facilidade de se colocar carros lado a lado fazia com que o tráfego fosse intenso e as batalhas por posição se estendias por várias e várias voltas, muitas vezes terminando apenas com a bandeira quadriculada em um photo finish.

Ou seja, pilotar em ChicagoLand é que nem pilotar na rodovia: o traçado é super fácil, o tráfego é que atrapalha.
 

 

4º: Auto Club Speedway (2002-2005 e 2012-2015)


Antigamente chamado de California Speedway, o circuito construído a mando de Roger Penske é um circuito em "D" de exatas duas milhas de extensão e, por muito tempo, foi o oval mais rápido da Indy. Por seu um oval com retas bem longas, curvas consideravelmente inclinadas e ser em "D" (que faz com que o ângulo da curva seja menor e ela se torne ainda mais rápida) faz com que o circuito de Fontana fosse o palco ideal para a quebra de recordes.

As provas também eram boas, seja decidida na economia de combustível, na base do pack racing ou na perseguição, o entretenimento era garantido até a última volta.
 

 

3º: Michigan International Speedway (1968-2007)


Dois circuitos que se parecem tanto mas ainda são diferentes. Assim como o circuito de Fontana, é um oval de duas milhas com formato em "D", mas Michigan tem inclinação maior tanto nas curvas (18º contra 14º de Fontana) quanto nas retas principal e oposta (12º e 5º, respectivamente, contra 11º e 3º em Fontana), além de ser mais largo que seu primo californiano.

No entanto, as duras retas de Fontana são maiores e, mesmo com as curvas um pouco mais fechadas, o circuito da Califórnia tende a ser pelo menos cinco milhas mais rápido. 
 
Mas Michigan era bem melhor para corridas pois, com sua largura e inclinação maiores, os carros tem mais ofertas de linhas viáveis para andar e ultrapassar, tornando as corridas mais animadas.

Apesar de ambos estarem fora do calendário atual, pode-se dizer que tanto Michigan quanto Fontana são os grandes templos ovais da era da CART, incluindo durante a cisão, quando a categoria tentou concorrer diretamente com Indianápolis com a US500, enquanto Fontana tem até hoje o recorde de velocidade oficial da Indy, apensar de ser um pouco confuso, como contamos aqui.




2º: Texas Motor Speedway (1997-2018)


Olha só, um oval dessa lista que não tem formato em "D"! O oval de uma milha e meia em formato de trapézio, que faz com que as curvas sejam ainda mais abertas do que as do oval em formato em "D", com curvas bastante inclinadas com 24 graus, favorecem bastante não só as altas velocidades mas favoreceu também aos carros de monopostos a andarem bastante juntos.

Essas características foram constatadas desde as primeiras provas da IRL em 1997, onde a categoria viu que os carros conseguiam se aproveitar muito do vácuo criado e andar praticamente colados por várias voltas, gerando corridas emocionantes. Com isso, a categoria passou a incentivar ainda mais essa característica, moldando chassis para aproveitar-se cada vez mais do vácuo e, surgindo assim, o pack racing. 

O Texas Motor Speedway foi o berço de mais de uma década de corridas nesse estilo, fazendo com que um estilo diferente de corridas em oval caísse no gosto do público não só da Indy quanto da NASCAR também.
 
 

 

1º: Indianápolis Motor Speedway (1911-presente)


Desculpa, fui bem óbvio. Foi uma escolha tão óbvia que tive receio de frustrar algumas pessoas e fiz os dois bônus do começo da lista pra tentar compensar a obviedade que foi a escolha do primeiro lugar.
 
Mas, não tem como ser outro. Indianápolis criou vida própria e hoje é o grande templo da tradição automobilística. Com várias ações que duram quase um século, o Indianápolis Motor Speedway tem o mesmo traçado e a mesma distância de corrida desde os primórdios do século passado e várias tradições de quando o automobilismo era algo bem diferente.

Talvez Indianápolis seja o maior exemplo de como uma pista e um evento tem sua própria característica que transcende sua própria pista. O traçado é um retângulo simples com curvas praticamente iguais, a distância de prova é a mesma a um século e essa distância aconteceu repetidamente em várias outras pistas. No entanto vários aspectos como os 33 carros largando e as várias semanas de treinos aumentando a expectativa na prova que, com o passar do tempo, cada vez mais passou a ter outras pequenas tradições: o drivers start your engines, o victory lane e a garrafa de leite para o vencedor, todo o media day e várias outras coisas.

Isso tudo é a alma de Indianápolis, e a Fórmula Indy também nasceu dessa alma e por isso á Indy é a Indy.
 

 



E.. Bem, foi isso por essa série e também por 2020. Um ano complicadíssimo não só pra Indy mas para todos nós também.



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