Em uma série de seis posts do nosso site vamos ver sobre os circuitos da história da Indy e agora começando a parte boa: os cinco melhores circuitos de rua da Indy.
Dizem que a pista em Nashville vai ser uma mini Anhembi. Será?
A
pré-temporada da Indy é bem grande e manter o interesse das pessoas
nesse longo tempo é bem complicado. Para nossa sorte, a Indy é uma
categoria com uma história gigantesca, o que nos dá munição para boas
histórias e até mesmo série de postagens como essa. Pra começar, vamos
fazer uma série de SEIS postagens sobre circuitos, falando sobre os
melhores e os piores circuitos em cada uma das três categorias: ovais,
mistos de autódromo e de rua.
Primeiramente,
para esclarecer, mesmo mudando várias vezes de sanção a Indy geralmente
chama de "circuito de rua" todo circuito que fica fora de um autódromo.
Com isso, aqueles circuitos que acontecem nas ruas da cidade, em um
estacionamento, no aeroporto e afins, são todos circuitos de rua pra
Indy ao longo dos anos.
Vale mencionar também que essa classificação é dada de acordo com cada uma das sanções da história da Indy e pode não parecer, mas influencia um pouco. Um exemplo é hoje: o circuito Gilles Viellenevue, em Montreal, é considerado pela FIA e pela Fórmula 1 como circuito de rua, mas tanto a CART quanto a Champ Car, que correram lá de 2002 a 2006, consideravam um circuito de autódromo, como se fosse um misto. Assim, normalmente ele entraria nessa lista de melhores circuitos de rua por ser muito bom, mas nenhuma das duas sanções que correram lá o consideravam um autódromo.
Outro
ponto é que a decisão dos cinco melhores ou piores circuitos é,
basicamente, nossa. Os circuitos aqui listados não é nada mais nada
menos que nós ditando regra e mostrando alguns circuitos. Caso discorde
ou tenha algum circuito para apontar, comente sua lista pra gente ver!
Vamos à lista!!
5º: Circuito de Long Beach (2000-atual)
Coloquei Long Beach na lista só por causa da fonte com golfinhos. Brincadeira.
Começamos por aquele que é o circuito de rua mais famoso dos EUA. O circuito de rua de Long Beach teve suas primeiras corridas pela fórmula 1 ainda nos anos 70 e, depois de quase trinta anos de modificações em seu traçado, creio que o traçado atual é o melhor que Long Beach pode oferecer.
Depois de passar de um circuito muito longo e com curvas desnecessárias para um circuito muito curto e quase sem variação de curvas, o traçado que foi inaugurado na CART em 2000 chegou num nível considerável de excelência: conseguiu conciliar os dois pontos típicos de ultrapassagem (no fim da reta principal e no fim da reta oposta) com um conjunto até que seletivo e variável de curvas num circuito não muito longo, além de passar bem próximo da fonte do golfinho que dá um charme extra para o circuito.
Nas on boards temos três vídeos: uma visor cam de Graham Rahal em 2017, uma on board de Hélio Castroneves em 2015 que foi a volta recorde da época e, para os saudosistas, uma volta de Michel Jourdain Jr. em 2001:
4º: Exhibition Place - Toronto (1986-atual)
Toronto teve o fim de semana mais complicado da década de 2010 na rodada dupla de 2014.
Esse, bem como o circuito de Long Beach, ajudaram muito a fazer padrões para bons circuitos de rua. Até os anos 80 e parte dos anos 90, ter um circuito de rua no calendário da grande maioria das categorias era uma tristeza, pois eles geralmente eram muito complicados: ou muito lentos, ou muito longos, ou muito estreitos, e praticamente nunca geravam boas corridas ou locais prazerosos para pilotagem.
Com as entradas principalmente de Long Beach, Surfers Paradise e o Exhibition Place em Toronto. O circuito canadense veio com o patrocínio da Molson, que saiu do oval de Sanair para um circuito de rua quase no centro de Toronto, passando dentro do Exhibition Place, um grande local com várias arenas e recintos de eventos.
O circuito de Toronto praticamente ficou inalterado por quase vinte anos. O circuito é bem simples, com pouco mais de três quilômetros, um grande ponto de ultrapassagem na curva três e dois pontos mais difíceis de ultrapassagens na curva um e na curva oito, além de um complexo interessante de curvas da nova até a doze.
Certamente é um circuito bem simples, que exige boa performance dos pilotos e que entrega corridas interessantes constantemente. Na câmera on board coloquei a visor cam de James Hinchcliffe, que é uma das mais bonitas que já vi no Youtube:
3º: Circuito do Anhembi (2013)
Parece pachequismo e talvez seja um pouco, mas juro que não é. O circuito do Anhembi começou como um patinho feio e a Itaipava São Paulo Indy 300 presented by Nestlé sendo um poço de coisas estranhas.
Feito meio as pressas por Tony Cotman, tanto é que conseguiu a permissão e a homologação nível 2 de circuito da FIA (que a CBA exige para que haja corridas do porte da Indy no Brasil) na sexta feira pouco antes do primeiro treino livre. Muitos problemas com a reta do sambódromo muito lisa (que fazia com que os pilotos rodassem em plena reta), um asfalto muito ondulado e complicado para andar, além de graves problemas com chuva devido a época do evento em São Paulo e a drenagem ruim do local. Junte isso com Luan Santana cantando o hino nacional e Will Power bebendo leite Bom Gosto direto da caixinha e temos um evento deveras esquisito.
Mas a pista mudou da água para o vinho com o passar dos anos. A pista foi reasfaltada e melhorada, onde tanto as ondulações quanto o sistema de drenagem melhoraram bastante, e o fato da prova em 2013 ter saído de março e indo pra maio ajudou muito o tempo ser bom pela primeira vez em muito tempo.
Sambódromo Straight, S for Samba, victory turn. Como não amar?
Além disso, fizeram várias ranhuras na reta principal para dar mais aderência e o s carros rodarem menos naquela área. O problema do S do Samba (melhor nome de curva da Indy) que sempre atraía um monte de batidas por ser uma chicane muito estreita, foi alargada e virou até um ponto de ultrapassagem.
Isso fez com que os pontos altos do circuito ficassem ainda mais evidentes. A reta da marginal, que tinha quase uma milha de extensão (não um quilômetro, uma milha, ou seja, mais de um quilômetro e meio) e um circuito bem simples mas que entrega uma boa corrida e uma boa pilotagem.
Até distância de 75 voltas que ajuda bastante na estratégia e não ter aquele jogo de economizar combustível toda hora ajuda bastante a andarem os pilotos com seu máximo a maior parte da prova e ajudou muito a corrida de 2013, com uma das chegadas mais emocionantes dos circuitos de rua.
Os dois vídeos que temos dessa época é a on board de Tony Kanaan correndo no carro da Itaipava em 2013 e o final da corrida em 2013, onde Hinchcliffe venceu por pouco numa chegada bem apertada. Infelizmente, após a saída do Kassab da prefeitura a prova perdeu muito apoio e acabou não sendo realizada no ano seguinte.
2º: Surfer's Paradise: (1993-2008)
Um circuito de rua que dispensa apresentações. Surfer's Paradise é um dos circuitos de rua mais lembrados mesmo já fazendo cerca de doze anos que a Indy não pisa na Austrália, seja pelo show de pilotagem que os pilotos tinham que dar na hora de negociar com as chicanes apertadas do circuito ou pelo fenômeno inexplicado de conseguir gerar corridas consideravelmente boas para um circuito de rua mesmo sendo muito apertado.
Para complementar, tem duas voltas on board de Will Power fazendo sua qualificação pela Champ Car em 2007, onde não só o australiano mandou muito bem na pilotagem como também há uma boa descrição do circuito em inglês feito pelos narradores da 7 sports:
Infelizmente, o circuito acabou saindo do calendário. Nos últimos cinco anos em que a CART/Champ Car andou em Surfer's Paradise, já haviam consideráveis problemas de falta de patrocínio e de público no circuito de rua australiano, o que acabou afastando ainda mais a IRL na reunificação, já que esta não estava muito afim de atravessar o globo para levar prejuízos financeiros.
1º: Burke Lakefront Airport (1990-2007)
Outro circuito muito conhecido da grande maioria, o circuito que ficava no aeroporto de Cleveland é também lembrado até hoje pelos que assistiam a categoria nos anos noventa até meado dos anos 2000.
É um circuito que dispensa apresentações. A combinação de retas largas e trechos larguíssimos e curvas que vão se afunilando em contraste com as retas faz com que este seja um circuito único e feito quase sob medida para maximizar o entretenimento para o público ao mesmo tempo que oferece um bocado de desafios para os pilotos, pelo menos o máximo de desafio que curvas de 90 graus e uma pista sem elevações consegue oferecer.
Como é um circuito bem conhecido, vou falar três curiosidades sobre o circuito de Cleveland. Primeiramente sim, tanto a CART quanto a Champ Car consideravam o Burke Lakefront Airport como um circuito de rua pois, como disse anteriormente, é a definição que mais se encaixa das três que são normalmente utilizadas pelas sanções americanas, afinal, o circuito de Cleveland não é um oval e nem um autódromo por si. Apesar de muitos lugares usarem a definição de circuito de aeroporto tanto para Cleveland quanto para o circuito de Edmonton, incluindo várias transmissões, não é uma definição oficial e também é um pouco falha em alguns casos, como St. Pete que passa metade do traçado num aeroporto e metade em ruas de trânsito normal. Fica mais fácil chamar tudo de circuito de rua mesmo.
Segundo ponto é que quase a IRL tirou a CART de Cleveland. Em 1999 houveram várias negociações e em Janeiro chegou-se a um anúncio de uma corrida da IRL no calendário de 2000, onde o circuito seria transformado num mini oval de 1,2 milhas. No entanto, a tratativa mais parecia um jogo na renegociação das taxas de sanção e organização da CART para Cleveland, além do novo circuito da IRL precisar de liberação tanto da configuração do oval quanto da data por parte dos órgãos federais de aviação americanos, a prefeitura de Cleveland renovou contrato com a CART por mais cinco anos.
O terceiro e último ponto é que o circuito de Cleveland entrou no calendário da CART com um layout diferente, onde a reta principal era menor e havia um esse extra como curvas um e dois. Esse layout era menos atrativo e atrapalhava um dos principais pontos de ultrapassagens, que era o hairpin, e acabou sendo modificado depois da corrida de 1989 para o circuito que se manteve até 2007.
Outra curiosidade é que Cleveland foi responsável por duas estreias na Indy: em Cleveland em 2003 houve a primeira corrida à noite fora dos circuitos ovais e, em 2006, recebeu a primeira largada parada do mundo da Indy, quando a Fórmula Atlantic fez sua primeira largada parada.
Nos vídeos está uma on board de Michael Andretti em 1997, com uma descrição completa da volta por parte dos narradores; também segue a largada parada da Atlantic em 2006. Não existem tantas on boards assim, mas quase todas as corridas no layout final estão disponíveis no Youtube, e vale a pena conferi-las.
Bem, e é isso por partes dos circuitos de rua!! Nas próximas postagens vamos cobrir os circuitos mistos para, no fim, chegar aos ovais! Até lá!
Essa é uma série de seis postagens sobre circuitos! Acompanhe as outras aqui:
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