Na primeira matéria da nossa série especial sobre os circuitos que já fizeram parte do calendário da Indy, vamos começar pela pior parte: os piores circuitos de rua que já passaram na história da categoria.
Se você acha o circuito de Belle Isle ruim, tem cinco nessa lista piores que ele. |
A pré-temporada da Indy é bem grande e manter o interesse das pessoas nesse longo tempo é bem complicado. Para nossa sorte, a Indy é uma categoria com uma história gigantesca, o que nos dá munição para boas histórias e até mesmo série de postagens como essa. Pra começar, vamos fazer uma série de SEIS postagens sobre circuitos, falando sobre os melhores e os piores circuitos em cada uma das três categorias: ovais, mistos de autódromo e de rua.
Primeiramente, para esclarecer, mesmo mudando várias vezes de sanção a Indy geralmente chama de "circuito de rua" todo circuito que fica fora de um autódromo. Com isso, aqueles circuitos que acontecem nas ruas da cidade, em um estacionamento, no aeroporto e afins, são todos circuitos de rua pra Indy ao longo dos anos.
Outro ponto é que a decisão dos cinco melhores ou piores circuitos é, basicamente, nossa. Os circuitos aqui listados não é nada mais nada menos que nós ditando regra e mostrando alguns circuitos. Caso discorde ou tenha algum circuito para apontar, comente sua lista pra gente ver!
Assim, vamos a nossa lista de cinco piores circuitos de rua da história:
5º: Circuito de rua de Detroit (1991)
Como não achei uma volta em on board, vai a primeira volta da corrida em 1991.
Let @mrdavidhobbs walk you around the Detroit GP street circuit while on board @spintowin85 in his Alfa Romeo. pic.twitter.com/AEgXV76Pg5
— Champweb (@champwebdotnet) November 23, 2020
Obs: tem sim,só que no Twitter do Champweb. Obrigado ao leitor Leonardo Bueno por me mostrar.
Começamos com um circuito que alguns que acompanham a Fórmula 1 no fim dos anos 80 conhecem vagamente. O circuito de rua de Detroit esteve no calendário por apenas três anos, entre 1989 e 1991, logo depois a categoria substituiu esse circuito por outro também ruim e passou bem perto de entrar na lista, mas não tão ruim quanto esse, o o Belle Isle Park Raceway, que está na categoria até hoje.
Para vermos o quanto esse circuito é ruim, precisamos ver o que faz um circuito de rua ser bom ou ruim. Um circuito de rua normalmente é estreito e cheio de curvas mais lentas, o que faz muitos serem chatos e monótonos, mas a grande maioria destes (pelo menos os americanos) mantém pelo menos um bom ponto de ultrapassagem, um lugar com uma reta suficientemente grande e larga seguido de uma curva lenta, e geralmente são circuitos menores para que os pilotos possam passar por esse ponto de ultrapassagem o máximo de vezes possível.
O circuito de rua de Detroit tem todas essas características ruins em abundância: o circuito tem vários pontos onde só se cabe um carro de forma realista, incluindo um ponto do circuito onde realmente não cabia dois carros lado a lado nem mesmo parados. O circuito era excessivamente longo, com um número desnecessariamente grande de curvas e o ponto de ultrapassagem sendo nada bom, com uma reta não muito grande seguido de uma chicane alongada, dependia muito da boa vontade do carro da frente para uma ultrapassagem acontecer.
Com isso, a prova em si era também desnecessariamente grande. Com 62 voltas e quase sempre beirando as duas horas de corrida, muitos carros quebravam com problemas no câmbio devido a grande quantidade de mudança de marchas, problemas de suspensão por causa das fortes ondulações da pista e erros causados pelo calor e umidade altas da região, a corrida não caiu no gosto de ninguém.
O circuito de rua de Detroit é lembrado na CART apenas por um lance:
O circuito de rua de Detroit, apesar de ser bastante ruim e apresentar corridas ruins, era um circuito razoável, por assim dizer. O mais extraordinário que acontecia era ele passar por cima de um viaduto e pouco depois pela rua ao lado dele, proporcionando uma mudança de elevação grande no circuito, tirando isso era um circuito normal.
E será o único circuito normal dessa lista.
4º: Bayfront Park - Miami (2002)
Parece um circuito normal visto de longe, mas só visto de longe mesmo. |
A Indy tentou correr um monte de vezes na Flórida, pois esse foi um dos mercados que mais cresceu na história da categoria e as provas sempre davam bom público, desde o minúsculo e estranho Tamiami Park nos anos 80, passando pelo Biccentenarial Park nos anos 90 e pelo oval de Homstead até chegar hoje em dia no circuito de rua de St. Petersburg.
Além desses, tivemos um circuito de rua que parecia inofensivo, mas na verdade era uma bomba meio bizarra: o Bayfront Park, que sediou corridas em 2002, foi remodelado e sediou mais uma prova em 2003, até a prova ser cancelada com a primeira falência da CART.
Quando se olha o traçado do circuito num desenho parece um circuito normal, com pouco menos de uma milha e até mesmo lembrando vagamente Long Beach: uma reta seguido de uma curva lenta, curvas que passam em volta de uma fonte, um hairpin e um monte de curva meio irrelevante que o piloto tem que passar até tentar novamente uma ultrapassagen na curva um.
Mas o circuito era bem mais lento que o traçado sugere, isso porque esse era um circuito extremamente estreito. O único ponto em que se cabiam realisticamente dois carros lado a lado era possível apenas na reta principal, mas nem mesmo ela era muito larga e os pilotos para defender posição muitas vezes nem precisavam se posicionar na linha de dentro: bastava ficar no metade das faixas que o carro de trás teria chances mínimas de ultrapassagem. Todo o resto do circuito mal cabiam dois carros lado a lado e isso não prejudicava apenas as ultrapassagens mas também a pilotagem, pois onde normalmente se faria uma curva com o pé embaixo os pilotos tinham de aliviar o acelerador, curvas onde controlar a aceleração era normal os pilotos tinham de reduzir marchas, e os carros quase paravam para fazer as curvas mais lentas.
E tinha mais um agravante. As ruas da área do circuito não eram tão bem cuidadas assim, principalmente pelo circuito ficar próximo do mar, o asfalto perde a qualidade muito rápido e isso fez com que o asfalto tivesse muito pouca aderência em todo o circuito. Para tentar remediar isso, a prefeitura de Miami reasfaltou toda uma parte do circuito, entre as curvas três e oito, mas fez isso já na semana da corrida, fazendo com que o asfalto estivesse "cru" para os carros da CART passarem. Isso gera menos aderência ainda e fazia os carros da CART patinarem feito doidos, além de realizar a bizarrice de ter de colocar a primeira marcha para fazer uma curva normal de 90 graus para o carro não escorregar.
E as bizarrices não param por aí pois, depois dos carros passarem pela curva oito, eles entravam literalmente no Bayfront Park, onde passavam pela parte do estacionamento e também pela calçada da orla e pela calçada da fonte do parque.
Sim, os carros andavam na calçada. Uma boa parte dela foi rebaixada, teve as guias e a sarjeta retiradas (graças a deus não choveu em um dia de prova) e concretada para que o pavimento literalmente não saísse do chão e os carros pudessem tranquilamente passar pela calçada da orla do Bayfront Park. Por isso, quando você ver a volta On Board, vai observar que o carro não aceleram muito nessa hora, isso porque calçada também não dá muita aderência.
O resultado eram corridas onde os pilotos mais brigavam com o carro do que pilotavam de forma propriamente dita, onde parecia que todos os dezoito carros queriam apenas manter o carro na pista durante as 105 voltas da prova e torcer para que tudo acabasse logo.
Volta de Paul Tracy no treino classificatório 1.
Em 2003, o circuito mudou bastante. Ainda passava pela calçada, mas usava trechos melhores, tinha curvas mais razoáveis. continuava uma corrida bem ruim, mas um ruim normal e não bizarro.
E falando em bizarrice, temos a maior delas:
3º: Circuito de San Jose (2005)
Esse todo mundo conhece, o lendário circuito que passa na linha do trem, mas não é só por passar na linha do trem que ele é ruim. Além disso, temos um circuito muito pouco inspirado com ondulações gigantescas além do trilho do trem que os carros passavam duas vezes por volta (totalizando mais de duzentas vezes em uma corrida), ruas novamente muito estreitas curvas muito lentas e estrategicamente desenvolvidas para evitar ao máximo qualquer diversão e ultrapassagem, e o circuito tinha apenas um ponto de ultrapassagem.
Digo "tinha" no parágrafo anterior porque, para a corrida de 2005, esse ponto que era a única esperança de ultrapassagem dos pilotos foi retirado. Isso porque a curva um, que na verdade é um hairpin e não é a primeira curva do circuito tendo em vista que os pilotos passavam por duas chicanes rápidas antes de chegar na curva um propriamente dita, foi idealizada por gênios da engenharia que colocaram uma arquibancada gigantesca onde ficaria a área de escape da curva um.
Isso é um óbvio problema de segurança, pois os pilotos vinham "acelerando" desde o fim da volta anterior e chegavam a milhão para contornar um hairpin sem área de escape. Durante o track walk, na quinta-feira do fim de semana de prova, todos os pilotos e os que passaram pelo local reclamaram desse ponto para a direção de prova, que olhou e disse: "nossa, é verdade! Parece perigoso!'.
E com isso, foi instalada a quinta chicane do circuito, uma chicane entre os trilhos de trem e o hairpin que servia de curva um (a terceira chicane antes dos carros realmente chegarem na curva um). Por isso, totalizando um hairpin, quatro curvas de 90 graus e cinco esses, o circuito de San Jose estreou na Indy.
Volta de Justin Wilson no treino classificatório de San Jose (2005).
E a largada de 2005
Para os anos seguintes o circuito melhorou um bocado. Retirou-se a infame arquibancada que ficava na área de escape do Hairpin, moveu-se a reta principal e só com isso conseguiram eliminar três chicanes, fazendo o traçado ficar bem mais fluido e pilotável. Ainda era uma pista muito estreia, cheia de bumps e os pilotos ainda tinham que passar centenas de vezes pelos trilhos do trem, mas se tornou um circuito semi-normal e com corridas até interessantes em 2006 e 2007, quando a Champ Car faliu e o circuito se perdeu para sempre.
2º: Reliant Park Center - Houston (2006) Não é uma surpresa esse circuito estar nessa lista. O Reliant Park Center era um circuito idealizado em 2006 para duas corridas da Champ Car e ressuscitado em 2013 para os carros da atual Indycar sofrerem correrem. É um circuito criado no estacionamento do então Reliant Stadium e do Reliant Center e tinha uma peculiaridade que é muito boa nos estacionamentos mas horrível para a Indy: ele tem um pavimento com a mistura de áreas de asfalto nas partes onde os carros estacionavam e áreas de concreto onde os carros andavam para manobrar e procurar vaga. Para um estacionamento isso é ótimo porque fica claro onde você pode andar e onde você pode estacionar, mas para uma corrida é horrível por causa de bumps. Cada transição de asfalto para concreto era um salto para os monopostos da Indy, e foram a marca registrada da etapa em todos os anos. Por isso, eu poderia ter escolhido qualquer ano para representar esse circuito, mas a sua estreia em 2006 teve duas grandes peculiaridades que me fizeram escolhê-la como pior. A primeira é a mais óbvia e é um problema que eu acho que vocês já viram antes nessa postagem. No layout primário do circuito não tinha aquela primeira chicane logo depois da saída dos boxes e os carros seguiriam reto até a curva dois, já que a curva um era feita de pé embaixo. Mas, na quinta-feira do fim de semana de corrida, descobriram que a curva dois tinha três metros de área de escape, e o muro do Reliant Arena logo em seguida. Esse fato de uma curva lenta logo depois de um trecho logo de aceleração não ter muita área de escape é perigoso, não é preciso ser gênio para isso, e já sabemos qual a solução que a Champ Car toma para remediar a situação: uma chicane.
No entanto, ao invés de remediar fazendo uma chicane decente ou minimamente guiável, a direção da Champ Car se sentiu nostálgica das horríveis chicanes que a IMSA usava nos anos 80. Pintaram o circuito e colocaram três dúzias de cones justamente na área onde tinha um bump enorme em uma parte onde a pista subitamente se estreitava, e fizeram a chicane de forma que ela ficasse excuciantemente lenta, com o s carros usando até mesmo a primeira marcha do carro. O resultado foi esse:
Você percebe que uma solução é horrível quando é necessário usar cones (e colá-los no chão pra não sair do lugar) em uma curva.
Outro ponto ruim da etapa em 2006 era o fato da corrida ser à noite. Normalmente isso é bem legal, pois dá um charme a mais na corrida e uma estética diferente para tudo o que acontece durante o fim de semana, mas para isso dar certo tudo tem que ser bem feito. Em Houston a iluminação foi reforçada o que o estacionamento do Reliant Park já tinha, no entanto, ela ainda não parecia suficiente em algumas áreas, o que fazia com que as áreas principalmente da curva três e da reta oposta ficassem com algumas sombras. Para piorar a situação, muitas partes da arquibancada tinham baners gigantes de propaganda dos patrocinadores da prova e, já no primeiro treino livre, descobriu que muitos desses fazia sombra na pista e os pilotos não enxergavam muito bem. Horas depois muitos deles foram retirados, continuando apenas um ou outro que não atrapalhavam a iluminação, exceto por um na curva três que dá pra ver muito bem na on board de Justin Wilson:
Mesmo com todos esses problemas, os pilotos mais antigos da Champ Car estavam dando graças a Deus pela categoria voltar a Houston correndo no Reliant Park e não no antigo circuito de Houston, que figura na nossa lista como pior circuito de rua da Indy: 1º: Houston Brown Convention Center Street Circuit (1998-2001)
O pior circuito de rua deve ser um dos menos lembrados dessa lista mesmo com a etapa acontecendo ainda nos áureos tempos da CART. A prova em Houston tinha tudo pra ser bem importante: no centro do comércio do Texas e sendo quase sempre a antepenúltima etapa da temporada, onde se definia muita coisa dos campeonatos em um dos campeonatos mais vistos do mundo. Tudo isso era soterrado pelo circuito menos inspirado da história da categoria, onde o traçado fazia um tedioso "H" próximo do Brown Convention Center. chega até a ser engraçado eu colocar um circuito que passa numa calçada, outro que passa numa linha de trem, e outro que cometeu um crime contra as competições automobilísticas na forma de uma chicane, abaixo desse. Isso porque esse circuito conseguiu a façanha de ser o mais esquecido de toda uma geração fanática pela CART.
Vejamos a principal razão pela on board acima, de Alex Zanardi em 1998. A volta começa na curva um, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h, seguindo para um hairpin feito em segunda marcha, daí ele acelera mas logo freia e reduz uma marcha para a curva três, de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h e segue para a curva quatro, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h. Entra na reta oposta, a maior do circuito de sexta marcha e, no fim dela freia para a curva cinco, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h e para a seis, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h. Acelera até a terceira marcha mas logo freia para contornar a curva sete, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h, passa na curva oito acelerando e sobe até a quarta marcha, para frear na curva nove, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h e para a curva dez, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h, acelerando para a reta principal.
Acho que vocês entenderam o problema. todos os outros circuitos dessa lista tinham problemas com traçados ruins, pavimentação ruim, bumps, iluminação, falta de área de escape. Mas nenhum deles era travado e tinha 80% das curvas absolutamente iguais. O circuito do Brown convention Center tinha tudo para ser muito bom, com ruas grandes e largas (repare que a maioria da volta tem quatro ou cinco faixas de largura) todas recapeadas e razoavelmente lisinhas.
Mas de nada adianta se o circuito é totalmente tedioso e previsível. Os pilotos faziam a todo o tempo as mesmas coisas: tentavam ganhar velocidade da mesma forma, tentavam ultrapassar ou defender posição sempre da mesma forma, usavam sempre a mesma estratégia, era tudo absolutamente igual. Junte uma corrida toda travada com um circuito todo travado e temos o circuito que produzia as piores corridas de rua da Indy.
Dois fatos ""interessantes"" sobre esse circuito de Hosuton. Primeiro, ele produziu a corrida mais lenta da história da Indy moderna (vulgo depois da segunda guerra mundial) logo na sua estreia em 1998. No dia da corrida, caiu uma grande chuva, que fez os carros ficarem ainda mais lentos no já travado circuito citadino, a corrida foi encurtada para 70 voltas (ou 189 quilômetros) e os pilotos demoraram quase uma hora e quarenta para percorrer essa distância (sem incluir tempos de bandeira vermelha), resultando em uma média horária de 106,28 km/h (sim, um ônibus na rodovia era mais rápido). Essa média é menor que todas as outras provas lentas que você assistiu da Indy na sua vida incluindo aquela prova em NOLA 2015 que passou mais da metade da corrida em bandeira amarela e Francesco Dracone atropelou um mecânico.
O segundo fato é que o circuito tem a pior saída de pit que já vi em um circuito:
E... bem, é isso na nossa primeira lista dos cinco piores circuitos de rua! A próxima postagem a gente faz a lista com os cinco melhores circuitos de rua, e aí sim veremos o melhor da Indy em ação.
Obs: nessa lista não inclui alguns circuitos que tenho certeza que alguém vai apontar, então vou me adiantar e me justificar:- Não coloquei Belle Isle antiga (aquela sem a reta grande antes da curva três) porque, apesar de lentro, grande e travado não era tão lento, grande e travado como o circuito de rua de Detroit.- Não coloquei o Ceasar's Palace (que muita gente coloca como pior circuito da Fórmula 1) porque, quando a CART correu nele, o traçado foi modificado para um semi-oval e ficou bem menos monótono.- Não coloquei o circuito de rua de Baltimore porque, apesar de passar também num trilho de trem, o circuito em si é bem melhor e proporcionou corridas bem melhores que San Jose.- Não coloquei Tamiami Park porque, apesar de ser um circuito bem ruim e monótono, ele tem ao menos um ponto onde os carros podem ultrapassar (ou ao menos se jogar e tentar algo) e o circuito era bem pequeno, fazendo com que se passasse por lá várias vezes. Só isso já o faz ser melhor que todos os circuitos da lista.
Essa é uma série de seis postagens sobre circuitos! Acompanhe as outras aqui:
Os cinco piores circuitos mistos
Os cinco piores circuitos ovais Os cinco melhores circuitos de rua
Os cinco melhores circuitos mistos
os cinco melhores circuitos ovais
Não é uma surpresa esse circuito estar nessa lista. O Reliant Park Center era um circuito idealizado em 2006 para duas corridas da Champ Car e ressuscitado em 2013 para os carros da atual Indycar sofrerem correrem.
É um circuito criado no estacionamento do então Reliant Stadium e do Reliant Center e tinha uma peculiaridade que é muito boa nos estacionamentos mas horrível para a Indy: ele tem um pavimento com a mistura de áreas de asfalto nas partes onde os carros estacionavam e áreas de concreto onde os carros andavam para manobrar e procurar vaga.
Para um estacionamento isso é ótimo porque fica claro onde você pode andar e onde você pode estacionar, mas para uma corrida é horrível por causa de bumps. Cada transição de asfalto para concreto era um salto para os monopostos da Indy, e foram a marca registrada da etapa em todos os anos. Por isso, eu poderia ter escolhido qualquer ano para representar esse circuito, mas a sua estreia em 2006 teve duas grandes peculiaridades que me fizeram escolhê-la como pior.
A primeira é a mais óbvia e é um problema que eu acho que vocês já viram antes nessa postagem. No layout primário do circuito não tinha aquela primeira chicane logo depois da saída dos boxes e os carros seguiriam reto até a curva dois, já que a curva um era feita de pé embaixo. Mas, na quinta-feira do fim de semana de corrida, descobriram que a curva dois tinha três metros de área de escape, e o muro do Reliant Arena logo em seguida.
Esse fato de uma curva lenta logo depois de um trecho logo de aceleração não ter muita área de escape é perigoso, não é preciso ser gênio para isso, e já sabemos qual a solução que a Champ Car toma para remediar a situação: uma chicane.
No entanto, ao invés de remediar fazendo uma chicane decente ou minimamente guiável, a direção da Champ Car se sentiu nostálgica das horríveis chicanes que a IMSA usava nos anos 80. Pintaram o circuito e colocaram três dúzias de cones justamente na área onde tinha um bump enorme em uma parte onde a pista subitamente se estreitava, e fizeram a chicane de forma que ela ficasse excuciantemente lenta, com o s carros usando até mesmo a primeira marcha do carro. O resultado foi esse:
Você percebe que uma solução é horrível quando é necessário usar cones (e colá-los no chão pra não sair do lugar) em uma curva.
Outro ponto ruim da etapa em 2006 era o fato da corrida ser à noite. Normalmente isso é bem legal, pois dá um charme a mais na corrida e uma estética diferente para tudo o que acontece durante o fim de semana, mas para isso dar certo tudo tem que ser bem feito.
1º: Houston Brown Convention Center Street Circuit (1998-2001)
O pior circuito de rua deve ser um dos menos lembrados dessa lista mesmo com a etapa acontecendo ainda nos áureos tempos da CART. A prova em Houston tinha tudo pra ser bem importante: no centro do comércio do Texas e sendo quase sempre a antepenúltima etapa da temporada, onde se definia muita coisa dos campeonatos em um dos campeonatos mais vistos do mundo.
Tudo isso era soterrado pelo circuito menos inspirado da história da categoria, onde o traçado fazia um tedioso "H" próximo do Brown Convention Center. chega até a ser engraçado eu colocar um circuito que passa numa calçada, outro que passa numa linha de trem, e outro que cometeu um crime contra as competições automobilísticas na forma de uma chicane, abaixo desse. Isso porque esse circuito conseguiu a façanha de ser o mais esquecido de toda uma geração fanática pela CART.
Vejamos a principal razão pela on board acima, de Alex Zanardi em 1998. A volta começa na curva um, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h, seguindo para um hairpin feito em segunda marcha, daí ele acelera mas logo freia e reduz uma marcha para a curva três, de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h e segue para a curva quatro, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h. Entra na reta oposta, a maior do circuito de sexta marcha e, no fim dela freia para a curva cinco, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h e para a seis, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h. Acelera até a terceira marcha mas logo freia para contornar a curva sete, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h, passa na curva oito acelerando e sobe até a quarta marcha, para frear na curva nove, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h e para a curva dez, curva de noventa graus feita em segunda marcha a 90~100 km/h, acelerando para a reta principal.
Acho que vocês entenderam o problema. todos os outros circuitos dessa lista tinham problemas com traçados ruins, pavimentação ruim, bumps, iluminação, falta de área de escape. Mas nenhum deles era travado e tinha 80% das curvas absolutamente iguais. O circuito do Brown convention Center tinha tudo para ser muito bom, com ruas grandes e largas (repare que a maioria da volta tem quatro ou cinco faixas de largura) todas recapeadas e razoavelmente lisinhas.
Mas de nada adianta se o circuito é totalmente tedioso e previsível. Os pilotos faziam a todo o tempo as mesmas coisas: tentavam ganhar velocidade da mesma forma, tentavam ultrapassar ou defender posição sempre da mesma forma, usavam sempre a mesma estratégia, era tudo absolutamente igual. Junte uma corrida toda travada com um circuito todo travado e temos o circuito que produzia as piores corridas de rua da Indy.
Dois fatos ""interessantes"" sobre esse circuito de Hosuton. Primeiro, ele produziu a corrida mais lenta da história da Indy moderna (vulgo depois da segunda guerra mundial) logo na sua estreia em 1998. No dia da corrida, caiu uma grande chuva, que fez os carros ficarem ainda mais lentos no já travado circuito citadino, a corrida foi encurtada para 70 voltas (ou 189 quilômetros) e os pilotos demoraram quase uma hora e quarenta para percorrer essa distância (sem incluir tempos de bandeira vermelha), resultando em uma média horária de 106,28 km/h (sim, um ônibus na rodovia era mais rápido). Essa média é menor que todas as outras provas lentas que você assistiu da Indy na sua vida incluindo aquela prova em NOLA 2015 que passou mais da metade da corrida em bandeira amarela e Francesco Dracone atropelou um mecânico.
O segundo fato é que o circuito tem a pior saída de pit que já vi em um circuito:
E... bem, é isso na nossa primeira lista dos cinco piores circuitos de rua! A próxima postagem a gente faz a lista com os cinco melhores circuitos de rua, e aí sim veremos o melhor da Indy em ação.
Obs: nessa lista não inclui alguns circuitos que tenho certeza que alguém vai apontar, então vou me adiantar e me justificar:
- Não coloquei Belle Isle antiga (aquela sem a reta grande antes da curva três) porque, apesar de lentro, grande e travado não era tão lento, grande e travado como o circuito de rua de Detroit.
- Não coloquei o Ceasar's Palace (que muita gente coloca como pior circuito da Fórmula 1) porque, quando a CART correu nele, o traçado foi modificado para um semi-oval e ficou bem menos monótono.
- Não coloquei o circuito de rua de Baltimore porque, apesar de passar também num trilho de trem, o circuito em si é bem melhor e proporcionou corridas bem melhores que San Jose.
- Não coloquei Tamiami Park porque, apesar de ser um circuito bem ruim e monótono, ele tem ao menos um ponto onde os carros podem ultrapassar (ou ao menos se jogar e tentar algo) e o circuito era bem pequeno, fazendo com que se passasse por lá várias vezes. Só isso já o faz ser melhor que todos os circuitos da lista.
Essa é uma série de seis postagens sobre circuitos! Acompanhe as outras aqui:
Os cinco piores circuitos mistos
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