A última corrida no campeonato terminou com batidas e polêmicas entre Simon Pagenaud e Lando Norris. Vim explicar o que aconteceu, e o principal motivo de esse incidente quase não ter reflexos no mundo real, ao contrários de outros por aí.


A INDYCAR, pra compensar o tempo que passaríamos sem corrida devido a pandemia mundial, fez um minicampeonato ente os pilotos de corrida reais pilotando na plataforma de simuladores iRacing. Foram seis corridas no total, com a final sendo esse fim de semana em Indianápolis.

As corridas vinham atraindo muita atenção de mídia. As corridas foram transmitidas no canal oficial da transmissão da Indy. Um monte de pilotos da Indy que não tinham simuladores correram para ter um e pilotos que não aparecer no grid da Indy estavam começando a aparecer na Indy virtual, como o caso de Jimmy Johnson, Scott Speed, Kyle Busch e Lando Norris.

A final desse campeonato aconteceu no Indianápolis Motor Speedway e até mesmo teve de acontecer um bump day, já que haviam mais de 40 inscritos para a prova mas com apenas 33 vagas no grid.

A corrida vinha acontecendo com certa normalidade, mas só até a volta 61 (de 70 totais). Graham Rahal, Lando Norris e Simon Pagenaud vinham disputando a liderança da prova, quanto, na curva um, Rahal e Pagenaud vinham lado a lado, com o piloto da Penske por fora de o filho de Bobby Rahal por dentro. Mas, na curva dois, Norris se colocou por dentro de Rahal e Pagenaud, assustando o americano e fazendo com que ele e o francês batessem.

Pagenaud ficou claramente pistola. Foi aos pits, arrumou seu carro e, nesse intervalo disse "vou tirar o Lando". Dito e feito, quase duas voltas depois, quando ele iria levar uma segunda volta dos líderes, ele freou seu carro em frente ao carro do Norris, fazendo com que ambos saíssem da corrida.

No fim, houveram mais um monte de batidas em um intervalo de três voltas, incluindo de Ericsson em O'Ward na curva 3 e de Ferrucci e Askew quase na linha de chegada enquanto todos esses disputavam a vitória. Scott Mclaughlin desviou de tudo isso e se sagrou o vencedor da prova.

Já nas entrevistas pós prova da transmissão, Pagenaud pediu desculpas e declarou não ter intenção alguma de bater em Norris, que ele queria apenas parar nos pits e que o inglês estava apenas no lugar errado e na hora errada. Isso é claramente uma mentira, pois o francês durante sua transmissão disse que tiraria o piloto da fórmula 1 da prova, o que acontece é que isso pode ser considerado algo antidesportivo e por isso Pagenaud passou óleo de peroba na cara e disse isso.

Os fãs de Norris (que são muitos, a transmissão da prova no canal do piloto na Twitch tinha mais gente assistindo do que a própria transmissão oficial no canal da Indy no Youtube) ficaram possessos e o próprio piloto não estava muito feliz. Lando na transmissão disse que o movimento foi intencional (o que claramente foi) e disse que "os pilotos da Indy não queria ver um piloto que não é da Indy vencer".

O que é mentira. E posso afirmar isso pela forma da primeira batida entre Rahal, Norris e Pagenaud. Rahal e Pagenaud estavam lado a lado na saída da curva 1, quando Norris emparelhou por dentro dos dois, fazendo um 3-wide na curva 2. Esse é um dos (se não O) movimento mais temerário a se fazer no Indianápolis Motor Speedway, tanto no real quanto no virtual. É claro que Rahal, que estava por dentro no 2-wide e estava no meio do 3-wide, se assustou com a presença do inglês e desviou o carro dele, batendo no de Pagenaud. Tanto é que ambos (tanto Rahal quanto Pagenaud) reclamaram muito do movimento de Norris, que é o mais temerário que se pode fazer no IMS, que sempre acarreta em acidentes e em um ponto muito complicado para se ocorrer esses acidentes, que é entre as curvas um e dois. 

Caso a corrida fosse regulada pelas regras da Indy, haveria punição clara para Norris. No entanto, a corrida virtual tem as regulações de iRacing, que não pune esse tipo de movimento.

Assim, dá pra entender o motivo de Pagenaud ficar claramente irritado. Isso, em conjunto com ser uma plataforma virtual e saber que em nenhum momento ele vai machucar os envolvidos, fez com que o francês tomasse a atitude "antidesportiva" de bater propositalmente em Norris.

Além do mais, quem ganhou a prova foi Scott McLaughlin, que não corre na Indy. E nada foi levantado contra o australiano, que atuou sempre com toda a cartilha desportiva das corridas em ovais, acabou desviando de todos os atritos e venceu a prova em Indianápolis.
Pagenaud (em amarelo) e Norris (em primeiro plano).
Esse talvez seja o principal ponto que destoa da impressão geral do acidente. A grande maioria das pessoas pensa que o movimento de Norris foi completamente limpo e que a batida de Rahal com Pagenaud foi pura coincidência e o revide de Pagenaud em Norris foi puro despeito do francês. Esse, como vimos, não é o caso.

No entanto isso não deveria isentar Pagenaud. A batida na curva 2 foi causada por Norris, mas isso não é nem de longe o motivo para esse movimento de bater propositalmente nele. Esse é sim algo a ser censurado pois, se Pagenaud faz isso no virtual, ele abre brecha para questionar se ele não o faria no virtual, além da má imagem que o campeão da Indy de 2016 de fato está tendo agora.

E isso nos leva ao ponto de alguns pedirem posições da Team Penske, da INDYCAR ou da Menards, que patrocina Pagenaud. Isso muito por dois fatores:

Primeiramente a abordagem do mundo da Indy com relação ao automobilismo virtual. O mundo da Indy e os americanos como um todo, apesar da transmissão das corridas virtuais e do patrocínio, tudo vem sendo encarado como diversão como um todo, tanto é que o que mais se vê nas redes sociais não é tanto quem venceu as corridas ou como venceu, mas sim as batidas e os voos cada vez mais altos e espetaculares dos carros quando batem. A competição em si do campeonato da Indy não foi tão levada a séria assim e não passou perto da seriedade de uma corrida real. Assim, os eventos que acontecem nas corridas virtuais da Indy tendem a ser cada vez mais atenuados.

Outro ponto é que, apesar do movimento de Pagenaud poder ser extrapolado para o mundo das corridas reais, esse é um incidente que se restringe a corridas virtuais. É um caso muito diferente do racismo de Larson, onde a ação do Pagenaud de bater deliberadamente é apenas desportiva e foi feita toda dentro do jogo e tem efeitos apenas dentro do jogo.

Esses dois fatores explicam a falta de posição das empresas envolvidas com Pagenaud, o caso foi bastante atenuado para se cobrar posições das ações do francês in game.

O ponto positivo é que esse foi o único atrito maior que as corridas virtuais da Indy geraram. No mais, foi pura diversão para os pilotos e um pouco de entreterimento para nós que assistíamos. A INDYCAR ainda não anunciou novos planos para eventos no mundo do automobilismo virtual até o início previsto para a temporada, dia 6 de junho no Texas. Qualquer novidade por aqui anunciaremos!

Até lá!!


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