O carro #5 não se classificar para as 500 milhas de Indianápolis desse ano foi um choque para todos os que acompanharam o bump day desse ano. Como isso aconteceu?
A volta do bump day realmente falando, sem ser um carro cheio de problemas que mal atinge duzentas milhas por hora ou uma sessão só para eliminar Buddy Lazier, trouxe a emoção prometida para uma sessão feita para eliminar duas pessoas das famosas 500 milhas de Indianápolis, mas também trouxe a surpresa e a consternação da eliminação de um dos personagens favoritos de muitos.
As duas vítimas feitas no bump day desse ano foram o carro #63 da Dale Coyne, pilotado pela inglesa Pippa Mann; e o carro #5 da Schmidt-Peterson Motorsports, pilotado pelo canadense James Hinchcliffe. Mann tinha um carro com boa dirigibilidade, trabalhando esse ponto até quinta-feira, mas quando chegou a hora de fazer o carro ganhar velocidade, ela não veio e a moça não conseguiu avançar mesmo com três tentativas.
O caso de Hinchcliffe foi bem mais complicado. Apesar de não figurar sempre entre os dez primeiros, James sempre mostrou velocidade para se classificar facilmente para a prova, mas quatro momentos, seja por escolhas erradas, por azar ou por uma combinação de ambos, se juntaram e fizeram com que o carro #5 fosse eliminado enquanto Hinchcliffe esperava na fila para tentar se classificar.
Vamos por ordem cronológica:
1: Chuva
A primeira pancada de chuva atrapalhou e muito Hinchcliffe. |
Para o sábado estava previsto pancadas de chuva. Durante o bump day só houve uma delas mais forte, que caiu forte justamente quando Hinchcliffe se preparava para entrar na pista. A pancada de chuva durou pouco mais de vinte minutos, mas a pista ficou sem atividades por mais de duas horas, para que ela secasse completamente.
Quando Hinchcliffe finalmente foi liberado para fazer sua tentativa, o tempo estava frio e úmido, com a pista toda lavada e sem emborrachamento, condições muito diferentes das idealizadas para os ajustes do carro da Schmidt-Peterson. O resultado foi uma média de 224,784 mph, a 32ª melhor média do dia.
2: Melhoras inesperadas
Conor Daly chorando por conseguir se classificar. |
Hinchcliffe fez uma volta realmente ruim, ficando abaixo das 225 milhas por hora idealizados como seguras para não ser desclassificado. Para piorar um pouco mais a situação, alguns dos pilotos que vinham tendo maiores dificuldades durante a semana foram melhores que o canadense. Jack Harvey e Zachary Claman de Melo fora à pista antes da chuva, tinham a pista mais quente e emborrachada, e conseguiram fazer o mínimo para se classificarem. Max Chilton e James Davison foram para a pista depois de Hinchcliffe. Graham Rahal, que teve vários problemas na sexta-feira a ponto de ter de trocar de chassi, usando o Dallara que correu no misto de Indianápolis, conseguiu se classificar a frente do canadense.
No final, Hinchcliffe estava a frente apenas de Pippa Mann, Conor Daly e Oriol Servià.
Oriol Servià teve muitos problemas no sábado pelo simples fato de não ter se preparado para dar voltas com tempo frio e cheio de vento. No fast friday, o espanhol fez o quarto melhor tempo, mas quando veio para o tempo frio, quase rodou em sua primeira volta da primeira tentativa e desistiu na terceira volta. Na segunda tentativa, o tempo ainda estava ruim para o espanhol e ele desistiu dessa tentativa também. Faltando 36 minutos para o fim do treino, como um milagre, o time da Scuderia Corsa achou um ajuste milagroso e começou a virar em 225 mph, fazendo o espanhol do carro #64 se classificar em 31º e se garantindo na prova.
James Davison chorando (?) por se classificar para a prova. |
Conor Daly não foi rápido na sexta-feira e a situação piorou bastante no sábado. Daly fez uma média de 22,684 mph em sua primeira tentativa, a pior média de todas desde sexta-feira. Depois de todos irem para a pista, ele fez sua segunda tentativa e melhorou sua média para 224,736, o que o colocava na 33ª posição, mas Oriol Servià melhorou sua volta e Daly estava desclassificado por menos de 0,1 mph. Faltando 25 minutos para o fim do bump day, Daly teve de ir à pista pela terceira vez, e nessa tentativa conseguiu subir para o 32º lugar, que praticamente o classificava para as 500 milhas e o fez chorar.
Durante todo esse tempo, Hinchcliffe esteve na fila normal, querendo fazer uma volta melhor mas sem apagar seu tempo anterior. Com isso, faltando quase vinte minutos para o fim do bump day, a última vaga seria disputada por James Davison (33º), James Hinchcliffe e Pippa Mann, desclassificados até então.
3: Más vibrações
O canadense rezando antes de sua segunda tentativa. |
Depois da subida de Daly e de uma segunda tentativa frustrada de Pippa Mann, James Hinchcliffe decidiu passar da linha normal para a linha rápida foi à pista faltando apenas treze minutos para o fim. Tudo ainda estava nos planos, pois Hinchcliffe fez voltas acima de 225 nph desde quarta-feira, bastava repetir o desempenho já mostrado anteriormente para passar os 224,798 de James Davison e se garantir na prova.
Obviamente havia muita pressão sobre o canadense, mas ele nem sequer começou a sua tentativa. Quando ele foi para a pista, um dos sensores de pressão dos pneus apresentou mal funcionamento, e quando o #5 atingiu altas velocidades, o sensor do pneu traseiro esquerdo se soltou, balançando dentro do pneu e causando uma forte vibração no carro.
Hinch tentou continuar e abriu a primeira volta, mas a vibração aumentou muito, e ele teve de abortar sua volta.
Esse foi o seu último movimento errado no fim de semana.
4: A derrota estratégica para o mestre do bump day
Pippa Mann se posicionando a frente de James Hinchcliffe, e depois não se posicionando na vaga de partida. |
Depois da frustração da vibração em seu carro, bastava trocar o pneu, ver se nada se quebrou no carro, voltar para a linha rápida e tentar de novo. Havia nove minutos, tempo suficiente para três carros fazerem tentativas antes do tiro de fechamento do treino, e haviam apenas dois carros na linha rápida: ele e Pippa Mann.
Parecia tudo garantido, mas ele não contava com a estratégia de Dale Coyne, o dono do carro #63. Isso porque, para você ser liberado para ir à pista, deve-se posicionar o carro na vaga, de onde todos os carros da fila partem. Quando Coyne viu que Hinchcliffe teve problemas e voltava para os boxes, mandou Pippa Mann para a fila, mas mandou seus mecânicos não posicionarem o carro na vaga de partida.
Assim, o carro #63, literalmente, bloqueou o carro #5 na linha rápida, e eliminou Hinchcliffe das 500 milhas de Indianápolis.
Tendo a vantagem da posição, Coyne esperou até o último minuto para mandar o #63 para a pista. Sem ninguém na vaga da pista rápida, vimos Graham Rahal e Alexander Rossi, que esperavam na linha lenta. Faltando dois minutos para o fim, Pippa foi para a vaga de partida, fazendo com que ela fosse a última a tentar entrar no grid, e Hinchcliffe sendo bumpeado por ficar parado na fila.
Muito se reclamou que a INDYCAR, entidade que organiza e dirige a Fórmula Indy, terminou o treino religiosamente as 17h50 locais, e não estendeu até as 18h. Mas, nesse caso pouco faria diferença, quando o #63 ficou a frente do #5, bastava ele esperar mais dez minutos, mais três carros da linha normal fazerem voltas e ele se posicionar para ser o último a ir pra pista.
Quando Pippa Mann ficou a frente de Hinchcliffe na linha rápida da fila, tudo já tinha acabado para Hinch.
Entretanto, sempre vale a pena lembrar que, na verdade James Hinchcliffe não está desclassificado da prova. Quem não participará da 102ª 500 Milhas de Indianápolis é o carro #5 da Schmidt-Peterson Motorsports. James ainda disputa toda a temporada, ele está em quinto no campeonato e a Indy 500 tem pontuação dobrada. Perder uma etapa dessas é dizer adeus a qualquer chance de fazer algo no campeonato.
A Schmidt-Peterson tem um carro classificado que só disputa essa prova, que está sendo guiado por Jay Howard, além de outros carros na mesma situação em outras equipes, como a AJ Foyt, a Andretti, a Rahal-Letterman Lanigan Racing e a própria Dale Coyne.
Quem sabe o prefeito de Hinchtown ainda volta?
E como eu amo o bump day, essa montanha russa de emoções.
E como eu amo o bump day, essa montanha russa de emoções.
Obs: Pippa Mann, apesar de ser bumpeada, fez um ótimo trabalho com o que tinha nas mãos, representando bem as duas causas que representava: o apoio a prevenção ao câncer de mama, com a Susan G. Komen, e a do Donate to Life, incentivando a doação de órgãos. Espero sinceramente que a vejamos tentando novamente no ano que vem, pois você mostrou nesse momento de dificuldade, que tem paixão de sobra pra acorrer na Indy:
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