O brasileiro da Team Pelfrey, apesar de ser um dos mais jovens da categoria, também foi o pilto que mais teve crescimento dentro da Pro Mazda, e isso pode ser representado, por incrível que pareça, pela pronúncia certa de seu nome nos EUA.
A Pro Mazda sempre foi a categoria mais excêntrica do mundo da Indy, perdendo, às vezes, para a própria Fórmua Indy; mas, em 2017, ela está se superando. Com a temporada de 2016 sendo a mais complicada de sua história, com apenaso oito carros largando em algumas provas, a empresa que gerencia a categoria, a Andersen Promotoions, tomou grandes medidas para atrair mais pilotos e equipes para a temporada de 2017.
O plano todo deu certo, e os grids ficam, frequentemente com mais de uma dúzia de carros, entretanto, a disparidade entre os carros se tornou gigante, com a divisão de forças se tornou muito definida. Após a pré-temporada se encerrar, Juncos com Victor Franzoni e Cape Motorsports com Anthony Martin se tornaram francas favoritas ao título, devido a história das equipes e a adaptação dospilotos, que a anos são considerados promessas do Road to Indy. Muito (muito mesmo) atrás das duas, estão as equipes menores: World Speed, JDC, ArmsUp, e as equipes da categoria Expert (para pilotos com mais de 30 anos), com estrutura bem mais modesta.
E, no meio dos dois pelotões, está a Team Pelfrey. A equipe amarela e preta está sempre no meio do grid desde seu último título da categoria, com Jack Hawksworth em 2012. Contém grande estrutura e três bons pilotos, mas sempre falta algo para chegar no pelotão da frente com Juncos e Cape.
No começo de 2017 as coisas pareciam bem definidas: Martin e Franzoni lá na frente, quase um segundo por volta atrás viria o trio da Team Pelfrey e, atrás destes, viria o resto. Essa parecia a ordem natural das coisas e, bem, foi para a grande maioria dos pilotos, mas esse não foi o caso de Carlos Cunha.
O brasileiro de 18 anos completados hoje veio da F-3 Brasil e, como a maioria dos pilotos da Pro Mazda, pareceu ter caído de paraquedas no mundo do automobilismo americano. Durante as duas primeiras etapas parecia cumprir bem o "papel" que foi "designado" a Team Pelfrey, de carro de meio de grid, brigando com seu companheiro TJ Fisher pelo terceiro lugar das provas, sempre muito atrás dos favoritos e sempre muito a frente de Nikita Lastochkin e das outras equipes.
Não chei que veria isso esse ano: alguém fora da Juncos/Cape Motorsports ganhando algum prêmio. |
No entanto, a partir da etapa de Road America, Cunha se mostrou cada vez mais combativo e destinado a não cumprir seu papel de meio de grid. O piloto chegou a brigar, em alguns momentos, com os dois pilotos da frente e, quando estava brigando com Lastochkin pelo terceiro lugar, Cunha se mostrava bem mais agressivo, o que gerou até toques entre ele e seu companheiro de equipe. Parece loucura minha usar toques entre companherios de equipe para elogiar um piloto, mas, ao meu ver, a Team Pelfrey já possui apatia o suficiente com os passivos e regulares TJ Fisher e Nikita Lastochkin, e fiquei muito feliz de ver um piloto sem essa apatia e passividade.
Em Mid-Ohio Carlos Cunha mostrou suas garras. A Team Pelfrey começoua a postar mais pesado no moço, ele conseguiu a pole position da primeira prova e brigou ativamente com Victor Franzoni tanto na segunda como na terceira prova da quarta etapa do campeonato.
Foi na terceira prova que o mais forte sinal dessa mudança apareceu: pela primeira vez no ano, o narrador oficial do Road to Indy, Tony Laporta, se esforçou para dizer corretamente o nome de Carlos Cunha. Americanos raramente ou nunca se esforçam para dizer nomes estrangeiros corretamente, temos como exemplo Raul Boesel, que passou a carreira toda sendo chamado de Raul Boiséu; e Tony Kanaan, que é chamado até hoje de Caná, ao invés da entonação correta da terra prometida dos judeos: Canaã; além de Bia Figueiredo, que optou por ser chamada de Ana Beatriz nas terras do Tio Sam por ser mais fácil dos americanos pronunciarem. Carlos Cunha sofria do mesmo mal, e seu nome foi pronunciado como Carlos "Cuna" desde que ele apareceu na mídia americana, no entanto, na última prova da Pro Mazda, Laporta pronunciou corretamente (ou tão corretamente quanto um americano conseguia, tentando fazer o som de 'nh' corretamente) Carlos Cunha.
Isso, mais que um sinal de correção de pronúncia, é um sinal de respeito conquistado por Carlos Cunha.
Tá certo que ainda falta um bocado para alcançar Franzoni e Martin mais consistentemente e birgar por uma vitória per se, mas o alcançado até agora por Cunha já pode ser considerada uma boa temporada de 2017 da Pro Mazda. Num ano com desempenhos tão espaçados a ponto de parecer que as posições de cada um parecem pré-definidas e os resultados parecem pré-programados, lutar para fazer algo melhor e obter sucesso algumas vezes te traz o destaque desejado para um primeiro ano nos Estados Unidos.
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