Olá, amigos! Cá estou eu, Filipe Dutra, para dar
continuidade à série “500 do Brasil”, onde revivemos cada uma das vitórias
brasileiras nas 500 Milhas de Indianápolis. Dessa vez, vamos a 2001, ano da
vitória de Helio Castroneves.
Helio Castro Neves nasceu em Ribeirão Preto, interior de São
Paulo, e foi um dos primeiros a fazer a escalada via Indy Lights, correndo por
dois anos (1996 e 1997). Ele foi contemporâneo de Tony Kanaan na época.
Em 1996, ocorreu a famosa cisão da CART (a associação de equipes)
com a direção do Indianapolis Motor Speedway, no nome de Tony George, que
fundou a Indy Racing League (IRL). Essa é uma discussão longa e, por vezes,
chata, de modo que não a aprofundarei aqui. O fato é que, até 1999, boa parte
das equipes tradicionais não disputaria a Indy 500.
Porém, em 2000, Chip Ganassi, que disputava a CART resolveu “virar a casaca” e
comprou dois Panoz G-Force Oldsmobile para colocar seus pilotos Juan Pablo
Montoya e Jimmy Vasser em Indianápolis, que fazia parte do calendário da IRL. Havia uma prova concorrente da CART, a
US 500, ocorrida em Michigan, mas ela já não ocupava a véspera do Memorial Day
(último domingo de maio), dando a oportunidade para os dois correrem. E foi um
vareio: o colombiano liderou 167 das 200 voltas.
Veni, vidi, vinci (Foto: IMS) |
Claro que o retorno foi positivo para as equipes e,
principalmente, para os patrocinadores, que estimularam as equipes a correr em
Indianápolis. E, em 2001, mais dois times se juntariam à Ganassi: Green e
Penske.
Com isso, era grande a expectativa do mês de maio em 2001.
Seria a primeira vez desde a cisão que um Andretti (Michael, que pilotava pela
Green) voltaria ao Brickyard. A Ganassi trouxe Jeff Ward para fazer companhia a
Bruno Junqueira e Nicolas Minassian e ainda forneceu um carro extra para Tony
Stewart fazer o ‘double duty’, já que ele corria pela Nascar. E também tinha o
retorno do Capitão Roger Penske, com sua dupla brasileira: Gil de Ferran e um
tal de Helio Castroneves (que havia mudado a grafia para não perder nenhum de
seus sobrenomes, já que, nos EUA, há apenas um).
Nos treinos, Helio foi o primeiro dos novatos a sentir o
gostinho do muro. Entretanto, nada de mais grave aconteceu – dizem, inclusive,
que ele ajudou os trabalhadores a repintar o muro que ele havia danificado.
Desde cedo, Helinho sendo zuero...
Já na hora da verdade, os “donos da casa” mostraram mais uma
vez quem manda e Scott Sharp ficou com a pole. O melhor brasileiro no grid foi
Gil de Ferran, em quinto. Castroneves sairia em 11º. Junqueira largaria em 20º,
e os outros dois compatriotas que corriam na IRL não tiveram boas posições:
Airton Daré era o 30º e Felipe Giaffone, o último.
O dia 27 de maio de 2001 foi marcado pela chuva. Em certos
momentos da prova, a bandeira vermelha teve que ser agitada, para infelicidade
de Tony Stewart (ele precisaria viajar ainda mais 1700 km para Charlotte). Mas
isso não quis dizer que não tivemos uma boa prova.
Logo no início, Robby Gordon pulou para a ponta após sair em
terceiro. Greg Ray, que havia saído em segundo, tomou a liderança de Gordon na
volta 23 e demorou a largar o osso. Michael Andretti, Gordon e Ray disputaram o
topo do grid até a primeira metade da prova. Foi aí que a Penske surgiu.
Gil de Ferran ultrapassou o americano nos pits na volta 110,
em uma bandeira amarela. A chuva retornou pouco antes, e só deu uma trégua nove
voltas depois. Porém, os dois brasileiros foram penalizados e Stewart assumiu a
a liderança, só perdendo-a para Castroneves após parada nos pits.
Tony Stewart pela Ganassi nas 500 Milhas. Ele conseguira completar o "double duty" |
Na volta 155, ela, a chuva, se fez presente mais uma vez, e
com mais força, obrigando a tal bandeira vermelha, que durou 17 minutos. Aí a
relargada se deu e o paulista foi pressionado por Robbie Buhl, mas segurou e
seu adversário acabou rodando e batendo pouco depois.
Daí pro fim foi só administrar a vantagem para seu
companheiro de equipe e garantir a dobradinha da Penske em seu retorno à
Indianápolis, e a primeira das até agora três conquistas.
(Foto: Miguel Costa Jr.) |
Podemos apontar como curiosidade que quase todos os carros
que corriam na CART foram os primeiros na classificação final, sendo o sexto o
de Tony Stewart. Nicolas Minassian teve problemas na caixa de marcha e abandonou
– ele nem chegaria a completar a temporada, sendo substituido por Memo Gidley.
Outro fato curioso é que as leis anti-tabagistas já
começaram a dar as caras nos Estados Unidos, e uma das cláusulas é que uma
mesma marca não poderia patrocinar alguém em dois eventos. Como a Marlboro já
estampava os carros na CART, a Penske foi proibida de fazer o mesmo nas 500
Milhas de Indianápolis e na prova de Phoenix, usada pela equipe como
teste. A vitória fez com que, no ano
seguinte, a Penske abandonasse a CART e se mudasse de vez para a IRL, assim
como a Ganassi.
Para quem jogou IndyCar Series, de 2003, essa pintura é familiar |
E é justamente sobre esta temporada que iremos abordar. Até
mais!
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