E está começando mais uma temporada da Indy Lights e, subitamente, muitos olhos brasileiros olham para ela.  Mas esses olhos, o que eles podem esperar ver?  O que esses olhos verão?  Esses olhos estão perdidos.  Vendo isso, quero ajudar.  Assisti um bocado da categoria em 2012, e no ano passado passava um bocado de tempo procurando streams pra assistir as corridas dela.  Acho que estou entre os quinze brasileiros que fizeram isso.  Por isso, venho por meio deste mostrar um pouco das equipes, pilotos e da categoria em si.

2014
Pois bem, lá vamos nós:  2014.  A Indy Lights encaminha-se para o quinto ano de parceria com a Mazda, num programa que visa ajudar garotos (ou não tão garotos assim) que tenham algum talento a chegar à categoria máxima do automobilismo de monopostos americano.  
pilotos que disputaram a Freedom 100 em Indianápolis.  Esse ano não vai ter muito mais gente...

A categoria usará pelo décimo segundo ano seguido os chassis Dallara Indy Pro Series 2, chassis da época que a categoria ainda se chamava Indy Pro Series e já completamente adaptados com o passar do tempo, fazendo com que eles sejam apenas lembrança dos carros de 2002.  Para cortar custos, a categoria manufatura os próprios motores que foram/são fabricados pela Infiniti, um dos braços da Nissan nos Estados Unidos. 

As mudanças ficam por conta do fornecimento de pneus e do calendário.  Nos pneus,  a Cooper Tires irá calçar os carros ao invés da preterida Firestone, e no calendário são introduzidas rodadas duplas em todos os circuitos mistos.  Com isso , a categoria fica com três corridas em circuitos de rua (St. Petersburg, Long Beach e Tornto), três corridas em circuitos ovais (Pocono, Indianápolis e Milwaukee) e quatro rodadas duplas (Barber,  Misto de Indianápolis, Mid-Ohio e a etapa final em Sonoma).

Razia
 

Ele tem chances de ganhar a IndyLights esse ano?   
Sim, obviamente.  É um ótimo piloto, tem grande experiência e dirige pelo, até o ano passado, melhor carro do certame.  Mas não será um campeonato fácil.  ele tem que se acostumar com uma série de coisas novas que, apesar de não parecer, são muito diferentes na Indy Lights:  largada lançada, ovais, regras mais rígidas, enfim, tudo novo e em muita pouco tempo.

Para se vencer a Indy Lights precisa-se de muita regularidade, tanto é que os últimos três dos quatro campeonatos foram vencidos pelos que mais completaram provas, e as vezes tinham até menos vitórias que outros concorrentes, mas a regularidade sobrepujava isso.  Ser regular e fazer bons resultados em traçados que você mal conhece e correndo em Indianápolis mesmo nunca tendo andado lá, é um bocado difícil.

Ele foi bem na pré-temporada?
Lá vem você com pergunta difícil... Então, levando-se em consideração que ele é um novato e todos os aspectos que isso infere, sim.  Levando em consideração que ele está com o virtual melhor carro, e que a maioria dos seus companheiros de equipe não são essa Brastemp toda... não.  mas vejam os resultados e tomem suas próprias decisões, posso estar sendo muito exigente e talz.. ou não.

Em Sebring fez o quinto melhor tempo, sendo terceiro na primeira sessão de testes.  No Winterfest em NOLA participou de três das quatro sessões e ficou em terceiro em duas das três sessões que disputou e ficou com o terceiro melhor tempo no combinado.  Em Barber, ainda pelo Winterfest, participou de quatro sessões e chegou a ficar em segundo na quarta sessão de testes, mas terminou novamente com o terceiro melhor temo no combinado.

Ele vai subir pra Indycar ano que vem?
Cara... é muito cedo pra perguntar isso, pergunta de novo no meio do ano ou mais pro fim da temporada.

Equipe do Razia
Pilotos da Sam Schmidt, da esquerda pra direita:  Razia, Juan Piedrahita, Juan Pablo García e *suspiro apaixonado* Jack Harvey.
A equipe pela qual o piloto brasileiro vai correr é a Sam Schmidt Peterson Motorsports, ganhadora de sete dos últimos dez campeonatos da Lights, sendo os últimos quatro anos de forma seguida.  A equipe foi criticada recentemente, por ter o programa de contratação mais estranho:  nos últimos dois anos, contratou apenas estreantes na categoria (essa não é aparte estranha) e, ao fim do campeonato, dispensava TODOS eles, não importando como tinham ido ou se tinham lugar certo pra correr no ano que vem. Nesse ano o piloto brasileiro terá mais três companheiros de equipe:  Jack Harvey, Juan Piedrahita e Juan Pablo García.

O lindo do Jack Harvey veio pra Indy Lights escapulindo da Europa.  No ano passado fez uma ótima temporada na GP3, ficando em quinto lugar e conquistado duas vitórias e vinha pra ser um dos favoritos; mas nos testes não mostrou-se tanto assim, e agora seu favoritismo foi colocado em xeque.  O piloto inglês de 20 anos também nunca correu num oval. 
Juan Piedrahita faz parte da revolução colombiana que assola o automobilismo dos Estados Unidos.  Subiu pra Lights após dois anos seguidos na Pro Mazda (categoria imediatamente abaixo da Indy Lights), onde conquistou uma série de pódios, mas nunca uma vitória, e terminou os campeonatos abaixo dos cinco primeiros.  Apesar de ter começado muito bem, chegando a ser o melhor da equipe, mas conforme os seus companheiros iam pegando a mão do carro, ele parece ter ficado um pouco pra trás. Vem pra uma temporada de aprendizado, muito provavelmente.
Juan Pablo García é uma lenda da categoria.  Vai para seu quinto ano na Indy Lights, e pela sua sétima equipe diferente.  De todas essas participações do piloto de 27 anos, apenas nos dois últimos anos foram temporadas completas, e o mexicano nunca, NUNCA conseguiu um pódio sequer em suas quase trinta corridas na categoria; e nos testes nunca conseguiu ficar entre os cinco primeiros em tempos combinados.  Se a Sam Schmidt fosse escolher um veterano, num tinha escolha mais lendária do que essa.

As outras

Dupla da Andretti, Brabham e Veach

Andretti Autosport
Uma das grandes rivais (se não a maior rival) dos pilotos da Sam Schmidt , a Andretti conquistou o campeonato em 2008 e 2009, e desde então segue atrás da rival descrita na seção acima.  No ano passado falhou muito com Carlos Muñoz, chegando a tirar o título do jovem colombiano devido a duas quebras seguidas em seu carro.  Disposta a não errar esse ano, manteve o piloto Zach Veach e seguiu com o campeão da Pro Mazda do ano passado, Matthew Brabham.

Brabham foi a grande sensação do Road to Indy (programa da Mazda feito pra fazer pilotos seguirem para a Indycar, composta pela Lights, pro Mazda e USF2000), onde venceu a USF2000 em 2012 (quatro vitórias e onze pódios) e a Pro Mazda (treze vitórias e quinze pódios em dezesseis corridas) com relativa facilidade, vem muito bem também nos testes coletivos da pré-temporada, quando completou em segundo lugar os primeiros em Sebring e em NOLA, e foi o mais o mais rápido no último teste em Barber.  Certamente é um dos favoritos desse ano.
Zach Veach é um piloto diferenciado.  Não pelo que consegue em pista, onde está a cinco anos (dois na USF2000, um na Pro Mazda e parte pro segundo ano da Indy Lights) no programa da Andretti sem conquistar títulos e tendo apenas três vitórias em sua carreira, vem para seu segundo ano, e pelos testes da pré-temporada, isso não mudará muito.  Mas fora das pistas, o piloto é apoiado por grandes nomes como Dave Fischer (pai de Sarah Fischer) e Michael Andretti, além de alguns bons patrocinadores.  E sua vida fora das pistas é agitada, pois além de já ter escrito um livro para jovens que desejam se tornar atletas o jovem faz parte de algumas organizações não-governamentais focadas em direção segura, empreendedorismo jovem e políticas contra o cyberbullying.

Belardi Autopsort
A Dupla da Belardi, Alex Baron e Gabby Chaves
A equipe que consegui aquela vitória histórica no ano passado em Indianápolis e uma das mais antigas em atividade na Indy Lights, a Belardi vem com dois grandes pilotos para esse ano, e brigar forte pelo título:  o anglo-francês Alex Baron (veja bem, é Baron e não o Barron da IRL) e o colombiano Gabby Chaves.

Alex faz sua estreia na Lights após fazer apenas quatro corridas na USF2000 e também de fazer algumas corridas na Fórmula Renault 2.0 9NEC e Eurocup), onde não obteve muito sucesso.  Sobe pra Lights bastante precoce, após ter feito apenas trinta corridas em monopostos, mas veio bem principalmente nos primeiros testes, onde chegou a liderar um dos testes coletivos, e pode surpreender.
Gabby Chaves também é um dos favoritos ao título, após ser segundo colocado na Lights do ano passado e ser refém daquele programa estranho da Sam Schmidt, assinou com a Belardi para disputar esse ano.  Muitos diziam que era um passo atrás, mas os testes de pré-temporada vem mostrando algo diferente, onde sempre esteve entre os três primeiros e fez o melhor tempo dos testes em NOLA.  Com isso, também é um dos fortes favoritos ao título.

Team Moore
O sempre empobrecido time amarelo vem pra mais um ano na Lights, todo ano sempre dizem que ela falirá, mas desde 2007 segue firme e forte (tá bom, nem tanto) na categoria, sempre com um carro a temporada toda e outro carro fazendo corridas esporádicas.   Sempre apostando em jovens recém saídos da Pro Mazda, Mark Moore contratou esse ano o canadense Zack Meyer, na esperança de achar mais um James Hinchcliffe (o piloto fez seu primeiro ano pela Lights em 2010, quando surpreendeu e terminou na segunda posição).

Zach Meyer faz sua estreia na Lights após dois anos de Pro Mazda, onde terminou o último em sexto, tendo um quarto lugar como melhor posição.  No campeonato, foi notório o seu problemas em qualify, onde sempre largava mais atrás e tinha que fazer corridas de recuperação.

Fan Force United


A equipe do dono de equipe/corretor/fiador de móveis Tyce Carlson volta a categoria depois de uma ano distante dos monopostos.  Em 2011, a equipe chamou a atenção alinhando um carro para correr as 500 milhas de Indianápolis de 2012, e quem pilotava esse carro:  Jean Alesi.  Nesse ano na Lights não será alesi que correra, mas sim o americano Scott Anderson.

Anderson parece uma fusão dos dois pilotos da Andrett.  Assim como Matthew Brabham, subiu pra Lights após correr na Pro Mazda no ano passado e na USF2000 em 2012;  entretanto, seus resultados são bem mais módicos, conquistando um quinto lugar no campeonato da Pro Mazda e um terceiro na USF2000.  E assim como Zack Veach, toma parte em vários programas e ONGs.  

Bryan Herta Autosports with Jeffery Mark Motorsports

Bryan Herta, Jeffery Mark e o Irmão de Zack Veach (nem é, mas se parecem) Lloyd Read

A equipe do ex-piloto Bryan Herta vem participando regularmente desde 2009, sempre tendo um parceiro de apoio. Nesse ano a parceira é a Jeffery Mark Motorsports, que já fez algumas participações solo na categoria em 2011 (com Juan Pablo García, inclusive).  Para esse ano, LLoyd Read sofrerá correrá pelo time esse ano.

O piloto galês vai fazer também a estreia na categoria, após terminar em oitavo na Pro Mazda.  Mas vem encontrando certas dificuldades nessa pré-temporada, onde sempre ficou entre os três últimos.  Provável que esse ano sofra bastante com o equipamento, e será um duro ano de aprendizado.

Razia em um dos testes.  Fonte:  canaldavelocidade.com.br

Bem, como dito acima, Razia terá que lutar um bocado para conquistar esse campeonato. Não apenas com Matthew Brabham, Gabby Chaves e Jack Harvey, mas também com a rápida adaptação exigida pela regularidade que se deve ter na Indy Lights e também com os ovais.  por isso, caso o brasileiro não se sagre campeão, não haverá grandes surpresas, nem o piloto deve ser execrado por isso...

Se você gostou desse preview, é capaz de gostar também do preview da Pro Mazda, do da USF2000 e dos highlights da pré temporada da Indycar, dividido em parte um e parte dois.

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