E na parte final, a gente vai falar sobre as quatro rodadas
finais da Indy Lights e sobre a derrocada de Carlos Muñoz. Se você não viu as duas primeiras partes,
elas estão aqui e aqui, respectivamente.
A gente parou indo pra Mid-ohio, e nessa prova tiveram
novidades internacionais. Estariam
presentes nessa prova o zimbabuano Axcill Jeferries, que, depois de uma
temporada não muito boa na fórmula 2, aceitou o convite da Brian Herta e tentaria
fazer alguma coisa na Indy Lights; e o já não tão jovem (com 32 anos) Giancarlo
Serenelli, que tentaria algo com a Belardi após um ano de fiasco na GP2.
Mas, assim como Barber, eu poderia não ter visto essa corrida. Só houveram duas trocas de posições: Juan Pablo Garcia ultrapassou Axcill
Jeferries na largada e Sage Karam passou Jorge Goncalvez numa volta
qualquer. Gabby Chaves largou e chegou
em primeiro, Dempsey largou e chegou em segundo, Jack Hawk largou e chegou em
terceiro e Muñoz largou e chegou em quarto. Karam, coma posição que ganhou,
terminou em oitavo; e Serenelli largou de último, levou volta, e faltando só
cinco pra acabar ele rodou na curva seis, perdendo outra volta, chegando em
último duas voltas atrás e sendo o único piloto do ano a completar uma prova
fora do top 10.
Em Baltimore, mais ações nos aguardavam. Os pilotos voavam nas chicanas, passava muito
perto dos muros e os bumps pregavam muitas peças. Dessa vez, Jack Hawk tentava se redimir
largando da ponta, com Muñoz em segundo, Chaves em terceiro e Karam em quarto. As primeiras voltas foram muito animadas, e
Sage Karam, que normalmente não faz movimentos tão bruscos, mostrou a que veio:
Na primeira tentativa em Toronto deu errado, na segunda vez que Sage conseguiu. |
E, pouco depois de Dalton Kellet bater, Muñoz se complica
numa das freadas do circuito citadino e acaba no muro, para começar seu inferno
astral das últimas provas...
A tristeza de Muñoz, parte 1. |
Mas a corrida não tinha acabado. Após a bandeira amarela, houve uma intensa
briga pelo segundo lugar novamente entre Karam e Chaves, com Karam levando a
melhor de novo...
Chavez x Karam, parte 2. |
E essa briga deu condições para Hawksworth disparar e vencer
de ponta a ponta, com Karam em segundo, Chaves em terceiro e a dupla da Belardi
(Dempsey e Goncalvez, respectivamente) em quarto e quinto lugar. Sage assumia novamente a liderança do
campeonato, apenas dois pontos a frente de Muñoz, quatro pontos a frente de
Chaves e onze pontos a frente do renascido Hawksworth. O campeonato ficava acirrado como nunca e
tudo indicaria que as últimas rodadas pegariam fogo.
Mas antes, vamos fazer um spin-off, de um lance muito
curioso dos bastidores:
Juan Pablo García não estava satisfeito com sua situação na
Team Moore, a equipe tinha decaído muito do começo do campeonato, e o carro que
já era sofrível no começo do campeonato só piorou com o tempo, e García que
estava despejando um bocado de dinheiro na equipe, ficava emburrado. Juan então decidiu sair da Moore. A equipe ainda teria dinheiro pra completar
as duas provas finais, graças a um contrato assinado com Conor Daly, mas num
tinha outro piloto. Enquanto isso...
Garcia corria de Amarelo, Dempsey de Vermelho, daí trocaram. |
O dinheiro do segundo carro da Belardi acabou. Peter Demsey não levava dinheiro suficiente
para a temporada toda, e os patrocinaores que figuravam em seu carro ou eram da
equipe ou de seu companheiro, Jorge Goncalvez.
Vencer a Freedom 100 alavancou sua carreira e ele esperava que essa
conquista o ajudasse a completar pela primeira vez uma temporada da Lights, mas
isso não aconteceu, e a Belardi teve que mandar Dempsey embora.
Então, como achar uma solução que agradasse a todos? Simples, os dois pilotos que troquem de
equipes. E foi exatamente isso que
aconteceu.
García entrava na Belardi, sua sexta (!!!) equipe na história
da Lights, e talvez a melhor pela qual ele já guiou. Tinha agora uma estrutura melhor, um companheiro
de equipe com habilidades de pilotagem parecida com os seus e chefes mais
exigentes para decepcionar.
Já Dempsey estava desolado pois pensava que abandonaria o
campeonato quando ainda tinha chances de ser campeão (estava só 35 pontos atrás
de Karam), mas então Moore apareceu e
ofereceu seu empobrecido bólido e, como a equipe alinharia um carro a mais pra
Conor Daly, Mark Moore avisou que, se ele e Daly quebrassem esses dois carros,
a equipe não bancaria um carro novo pra corrida final em Fontana. Dempsey deu pulos de alegria, e prometeu que
não decepcionaria...
Houston seria uma briga, e quem saiu na frente foi Karam,
que conseguiu a pole. Mas não teria
tranquilidade na corrida, já que Muñoz largaria da segunda posição, Chaves
viria em terceiro e Hawksworth em quarto lugar.
Nessa corrida aconteceu coisa pra caramba, então vou falar o que
aconteceu piloto a piloto. Porque sim,
novamente.
Jack Hawk estava em quarto, tanto no grid quanto no
campeonato. Caso ele vencesse a corrida,
finalmente conseguiria a liderança do campeonato e a volta aos holofortes que
ele tinha antes de começar a temporada, quando era cogitado como forte
candidato após vencer a Star Mazda com um pé nas costas o ano passado. Então, ele teria que ser bastante agressivo
pra passar os outros três pilotos na contenda pelo campeonato.
Mas... digamos que... não deu muito certo. Logo na largada ele destracionou na curva
quatro e perdeu posição pra Zach Veach e Juan Pablo García. Ele demorou um bocado de tempo pra se
aproximar de Veach e García, e, de uma forma bastante agressiva, conseguiu
reaver suas posições na bandeira amarela da volta 20. Por ocasiões da corrida, ele relargou em
terceiro, novamente na curva quatro perdeu duas posições, voltando pra quinto
e, quando já vinha para perder mais uma posição, fez isso:
O maior quadrinho de todos, tem o tamanho da decepção de Zach Veach. |
Foi punido por isso com um drive thru. Resignado, o piloto cumpriu e num fez mais
bobagens, pra completar a corrida na sexta posição e sem chances pra título.
Carlos Muñoz vinha bem, pressionava bastante Gabby Chaves,
que por sua vez pressionava Sage Karam, formando um comboio pela liderança nas
primeira metade da prova. Mas, durante a
bandeira amarela acionada pela batida de Juan Pablo García na volta vinte, o
carro de Muñoz subitamente pára de andar.
Um dos eixos de transmissão quebra, e ele é obrigado a estacionar seu
bólido, também sem chances de título.
Muñoz parando, colocando as mãos no capacete e explicando pros comissários que já era. |
Gabby Chaves fez uma das melhores ultrapassagens que já vi sobre o então segundo colocado do campeonato, e apesar de ser pressionado tanto por Muñoz na
primeira metade da prova, quando por Peter Dempsey no fim da corrida; conseguiu
se manter na segunda posição o tempo todo da prova, pra conseguir um ótimo
segundo lugar e ainda ter alguma chance de título.
Quem se deu muito bem no fim de semana foi mesmo Sage Karam. Ele dominou o fim de semana por completo, sendo o primeiro nos treinos livres, conquistando a pole position e ganhando a prova de ponta a ponta. Ele cruzou a linha de chegada em primeiro, Chaves terminou em segundo, com Conor Daly (!!) da Team Moore (!!!!!!!) em terceiro. Jorge Goncalvez e Axcill Jeferries terminara em quarto e quinto lugares.
Os pilotos que estavam disputando o título na rodada final, todo molhadinhos de suor. Tava fazendo só 40ºC em Houston. fonte: Indycar.com |
A briga pelo título ficou restrita a Chaves e Karam, mas a
situação estava difícil pro colombiano. Sage
precisava chegar apenas na terceira posição em Fontana pra garantir o título,
enquanto o sulamericano precisava de uma combinação extremamente difícil para
se fazer com um grid de nove carros.
Mas Chaves podia manter esperanças, ele largava da terceira posição, enquanto Karam teve problemas e largaria da última posição. Bem, largar de último em um oval não chega a ser problema, mas vai que esse problema persiste na corrida, não custa ter esperanças. Veach, surpreendentemente, conseguiu sua segunda pole.
Todos esperavam que em Fontana houvesse algo parecido com Indianápolis, com um comboio de pilotos brigando até os centímetros finais. Mas não houve isso, o comboio se formou, mas não conseguiu se manter depois do meio da prova, quando eles já não tinham tanto pneu assim.
O comboio inicial formado por Muñoz, Chaves, Veach, Hawksworth e Karam se separou mais ou menos na volta 15; quando o carro de Jack Hawk começou a sentir alguns problemas depois de o mesmo tocar o muro e Zach Veach começou a sentir falta de seus pneus inteiros.
Começou com cinco, caiu pra três. |
Mas a dez voltas pro fim, os pilotos já estavam todos separados. Carlos Muñoz disparou na frente de forma que Chaves num conseguiu nem chegar perto, e não foi incomodado por Karam que ficou pra trás. No fim, Muñoz venceu e Chaves passou em segundo. Mas quem vibrou mesmo foi Karam, que se sagrou campeão com seu terceiro lugar.
E é isso pessoas, assim foi o campeonato da Lights no ano passado. Sei que esse artigo já está gigante, mas não posso deixar de fazer minhas considerações finais nessa postagem.
Confesso que posso ter errado em alguns pontos: O campeonato pode não ter sido tão animado quanto eu fiz parecer, afinal ter corridas boas com dez carros (ou menos) é bem difícil, mas teve ótimos momentos e alguma emoção. Hawksworth pode não ser tão ruim quanto fiz parecer, ele está aprendendo e é um jovem bastante rápido e talentoso, mas tem um defeito gigante em visão espacial. Gabby Chaves pode não ser tão bom o quanto eu fiz parecer, mas tem tudo pra se desenvolver e ser um piloto colombiano melhor que Montoya. Muñoz pode não ser tão azarado (deve ter usado toda a sorte na Indy 500), mas sair de um campeonato equilibrado desse com quatro vitórias e brigar pelo título mesmo com três abandonos é algo extremamente louvável e o faz merecedor de sua vaga na Andretti. O título pode não ter caído tanto no colo de Sage, ele é um piloto bastante regular e rápido principalmente em ovais, tem um futuro gigante pela frente e a Indycar será sortuda se tiver um piloto como esse no grid, e essa postagem pode não ser tão imparcial quanto um dossiê mas fiz o que pude. Até mais!
Acompanhe a temporada da Indy Lights esse ano pelo Indy Center Brasil! Faremos ampla cobertura no blog, no nosso perfil do twitter e na nossa fan page do facebook.
Confesso que posso ter errado em alguns pontos: O campeonato pode não ter sido tão animado quanto eu fiz parecer, afinal ter corridas boas com dez carros (ou menos) é bem difícil, mas teve ótimos momentos e alguma emoção. Hawksworth pode não ser tão ruim quanto fiz parecer, ele está aprendendo e é um jovem bastante rápido e talentoso, mas tem um defeito gigante em visão espacial. Gabby Chaves pode não ser tão bom o quanto eu fiz parecer, mas tem tudo pra se desenvolver e ser um piloto colombiano melhor que Montoya. Muñoz pode não ser tão azarado (deve ter usado toda a sorte na Indy 500), mas sair de um campeonato equilibrado desse com quatro vitórias e brigar pelo título mesmo com três abandonos é algo extremamente louvável e o faz merecedor de sua vaga na Andretti. O título pode não ter caído tanto no colo de Sage, ele é um piloto bastante regular e rápido principalmente em ovais, tem um futuro gigante pela frente e a Indycar será sortuda se tiver um piloto como esse no grid, e essa postagem pode não ser tão imparcial quanto um dossiê mas fiz o que pude. Até mais!
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