Como parte do nosso luto pelo cancelamento da prova em Brasília. a tradição manda que devemos fazer um discurso com nossas memórias e opiniões sobre o morto. Aqui está algumas linhas escritas por cada um dos membros e colunistas do site sobre o cancelamento da prova brasileira da Indycar:



Daniel Palermo:
Muito mais que um cancelamento, esse episódio representa uma enorme derrota tanto para a IndyCar quanto para os fãs brasileiros da categoria.

As etapas brasileiras da “Formula Indy” são mais lembradas por boatos, cancelamentos e problemas estruturais do que pelas belas corridas que aconteceram. Uma marca que já era fraca e extremamente criticada pelos leigos no país, sai muito prejudicada e perde ainda mais credibilidade para aqueles que não são fãs.

Já para nós, os brasileiros que gostamos da categoria, provavelmente poderemos ficar um longo tempo sem vê-la aqui no Brasil, já que após o segundo cancelamento em dois anos, acredito que a direção da categoria irá pensar mil vezes antes de assinar contrato com qualquer brasileiro.

Lamento também pelo autódromo de Brasília, que mesmo caindo aos pedaços ainda conseguia receber as categorias nacionais e regionais. Agora com metade dele destruído, é mais uma praça que perdemos para a prática do já falido automobilismo brasileiro.

Matheus Pinheiro: 
A Indycar diferentemente de outras categorias, ouve seus empregados, dá a voz a quem está lá dentro o tempo inteiro, e vimos que tanto no Rio nos anos 90 e recentemente em São Paulo, de cada 10 pilotos, 10 aprovam e curtem as dificuldades do circuito oval de Jacarepagua ou as ruas do Anhembi, por esse motivo que a Indycar quer que o Brasil continue e está correta em agir por conta própria para salvar a NOSSA etapa.


Além disso, o Brasil é um público que adora torcer, e é admirado em todo mundo pela torcida que faz em qualquer coisa, portanto sabem que terão o retorno financeiro desejado. O governo de Brasília (Agnelo) e a Band saem como os vilões por motivos que todos já sabem, e a Indycar sai louvada pelo esforço de querer que tenha a corrida aqui também por motivos obvios.

Rômulo Silva:
Infelizmente todos saíram prejudicados com o cancelamento da Brasília Indy 300: A relação Indy/Band fica mais rachada do que nunca, os fãs que compraram os ingressos e que buscam informações a respeito do reembolso dos seus investimentos, o Governo do DF que se afunda ainda mais em crise, a Indycar que vê mais uma vez sua tentativa de internacionalização ir para os ares, além do destino incerto do Autódromo Nelson Piquet.

Porém, vejo isso como uma lição. Quem sabe a partir de agora todas as instituições envolvidas não se planejam melhor para evitar um fiasco desse porte, deixando de lado interesses políticos obscuros e superficias, a ponto de serem percebidos de longe? É isso o que queremos, meros fãs da velocidade.

Matheus Antonio da Silva
A mudança para um governo que não era tão favorável a prova quanto seu antecessor proporcionou o pior desfecho possível para todos: o cancelamento da prova. Agora, cada um procura seus interesses: Band de não pagar multa e ganhar algo com um processo contra o estado, o estado buscando se livrar de qualquer ônus e encobrir as cachorradas feitas, e a Indy de procurar algum plano B pra ter 17 provas e não atrapalhar todo o cronograma. E a gente fica chupando dedo.

De quem é a culpa? Diretamente, de todos os citados acima: do governo, da emissora e da própria categoria; e, indiretamente, do modo besta como se faz automobilismo por aqui.

Para ter algo de alto nível por aqui dependemos do poder público, já que a iniciativa privada parece amis preocupada em aumentar lucros cortando gastos internos e enxugando algo que muitas vezes não é necessário enxigar ao invés de investir no externo. Entretanto, o automobilismo está em 38º plano nas prioridades do poder público e, quando decidem fazer algo ligado, fazem tudo como sempre fazem: os planos, reforma e afins era feito do modo que os governos brasileiros sempre fizeram: jogando o foda-se para ordens, normas e dinheiro do povo...

E depois perguntam o motivo do automobilismo estar desaparecendo por aqui.

Daniel Schattschneider
Porque eu não me surpreenderia? Odeio ter que dizer isso, queria estar enganado, mas ‘eu avisei', e olha que não foi pouco não.

Este é o pior capítulo da Indy no Brasil. Temos muitas pessoas que pagaram ingressos, passagens de avião, hospedagens, etc, sem contar com um autódromo destruído e uma categoria top extremamente decepcionada com nossos organizadores.

Não sou contra o cancelamento, porque saúde e educação vem em primeiro lugar, mas sim contra essa "organização" que o Brasil tem em todos os eventos internacionais que vem pra cá. Todos. Nem aqueles da FIA escapam.

Eu sinceramente queria que a categoria esquecesse esses episódios todos e viesse pro Brasil novamente, mas pensando bem, se acontecesse comigo, excluiria o Brasil do mapa, mesmo tendo vários fãs que lotariam as corridas. Infelizmente é isso leitores. Que venha St. Pete.

Filipe Dutra (que comprou os ingressos da imagem):

Cada olhar para aquele envelope cinza é uma pontada que meu coração leva. Pensar que tudo estava programado: a viagem a Brasília, a estadia, as possíveis fotos, até brigas com as paqueras já houveram. Tudo por causa dela: a Brasíla Indy 300, que não vai mais ocorrer.


A maneira como eu soube da trágica notícia também foi bem marcante: após um dia cansativo, resolvi tirar uma longa sesta e, ao despertar, olhei meu celular e um amigo me mandou uma mensagem falando sobre o cancelamento abrupto da prova. Pronto: aquela música triste do Chaves rodou em loop na minha cabeça. Pior que nem afogar as mágoas eu podia, pois estava doente.


Estão falando em Goiânia, mas o mais provável é que voltemos às rodadas duplas. Mas o que aconteceu é que se repetiu na capital federal o erro de São Paulo. Os executivos da Bandeirantes esqueceram que não se deve contar com políticos em ano de eleição, e o que foi assinado com Agnello foi rasgado com Rolemberg. Claro, o DF está falido, mal tem dinheiro para pagar o funcionalismo público – que não é pouco, diga-se. Não tiro a razão do motivo. Mas, ainda assim, fico triste de ver, mais uma vez, um sonho adiado.

Um comentário:

  1. Sou de Brasília e eu senti mais com o cancelamento da prova, pois comprei ingresso e esperava realizar um sonho de 19 anos de ver a Indy in loco. Nem sei se um dia vou ver a categoria no Brasil pois a politicalha que me envergonha e envergonha os brasileiros só atrapalha. Quanto ao autódromo de Brasília acho difícil terminarem a reforma pois as máquinas estão paradas há um ano e nosso automobilismo caminha pra um fim patético e triste.

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