Eu diria que não. (Créditos: Band)
Que papelão, hein. Que decepção. A indy está decepcionada, os fãs gringos estão decepcionados, nós estamos decepcionados (nem tanto, não foi uma surpresa assim, tão grande pra gente), enfim, a palavra agora é decepção pra todo mundo que acompanha a Indy. Se você não sabe de toda a história que envolve a Indy no Brasil, então vai ter uma decepção ainda maior, porque desde 1996, desde aquela Rio 400 realizada em Jacarepaguá, a palavra decepção segue o mundo da Indy no Brasil.

Nós do Indy Center Brasil resolvemos compilar esse monte de decepções, de desapontamentos, de desorganizações por todas as vezes que a Indy esteve em terras tupiniquins e mostra que, muito provavelmente, quem viu a corrida da Indy in loco aqui viu, quem não viu não verá mais. É pesado, sabemos, mas é a triste realidade.

Vamos ao começo de tudo:

1996-2000: primeira tentativa - Rio 400/200

Depois que a F1 saiu de Jacarepaguá em 1989 pela falta de organização nas provas (com a FIA? que vacilo...), o autódromo foi esquecido, abandonado, quase igual aos seus últimos dias de vida. Até que o prefeito César Maia resolveu investir no autódromo para inicialmente receber a Moto GP, que na época era chamada de "motovelocidade" pela Globo.  

Pelo menos o Brasil venceu no Rio .
Aproveitando-se dessa reforma, o empresário Jorge Cintra correu atrás da CART que estava em expansão e também de novas ideias para seu novo campeonato (lembrem-se da cisão) e eles aceitaram correr em Jacarepaguá. Daí todas as expectativas estavam lá em cima. Um "roval" foi construído, teria um bom público, tudo daria certo...

Aí vieram as decepções. Os pilotos e a CART reclamaram das instalações do local. Tudo bem que era a primeira vez, então reclamações viriam. Normal isso. E as reclamações nem eram tão graves assim: asfalto ondulado (era um oval), dificuldades para se entrar e sair do circuíto, pouco apoio médico de ambulâncias e de segurança... normal para nós. A vitória de André Ribeiro na primeira edição diminuiu essa perspectiva, e pelo menos, as instalações, o asfalto e todo o resto foi melhorando com o tempo. Jacarépaguá voltou ao auge.

Em 1999, houve uma troca do promotor da corrida. Motivo: desorganização. Sai Jorge Cintra, entra Emerson Fittipaldi, que quase ninguém aqui conhece. A corrida passa a ter menos quilometragem (Rio 400 para Rio 200) e acontece num sábado. Na época, o SBT só transmitia corridas que aconteciam no sábado e na madrugada, devido a falta de audiência. Porém, muitos acham que tem um certo apresentador de programa de auditório envolvido nisso. Não vamos entrar em detalhes porque não tem nada esclarecido.

Nem parecia ser a última.
Com Emerson, a corrida foi uma das mais organizadas na época, mas justamente quando dava pinta de que "agora vai", o mesmo prefeito César Maia que investiu na reforma do autódromo resolveu fechar a mão e cancelar todas as etapas internacionais do local. Isso incluiu a Moto GP e principalmente a Indy, que cancelou sua etapa quatro meses antes. Já foi uma confusão.

O motivo que o prefeito deu na época era de que esses eventos custavam muito aos cofres públicos, mas há suspeita de politicagem por trás. No fim, isso deixou a primeira marca de decepção na Indy (CART, na época).

Mas em 2010, tudo prometia ser diferente:

2010-2013: segunda tentativa - Itaipava São Paulo Indy 300 Nestlé presented by...

Cof! Cof! (Créditos: velocidade.org)
Em 2009, a Apex Brasil, uma das parceiras mais influentes da Indy e que até chegou a dar nome a uma prova em Homestead, queria colocar uma etapa da categoria em terras brasilis, e conseguiu. Em maio daquele mesmo ano, a própria Indy confirmou uma etapa, mas não se sabia onde. Daí começou a corrida entre cidades pra ver quem sediaria essa etapa.

Campinas, Ribeirão Preto, Porto Alegre, Salvador e até o Porto de Galinhas que o nosso finado Luciano do Valle tanto falava foram algumas das cidades. A cúpula da Indy foi até foi em Ribeirão Preto pra ver como as coisas andavam, mas não. Em outubro, o site da Indy anunciava a volta da rio de Janeiro no calendário! Os amigos cariocas fizeram festa, menos Eduardo Paes, que não mostrou interesse. Depois de algum tempo, São Paulo é confirmada como cidade que receberia a Indy num circuito de rua.

Vamos às decepções: dez dias antes da primeira prova, o então vereador pelo PTB, Adilson Amadeu, queria que a prova não fosse realizada. Motivo: faltavam laudos, estudos sobre o trânsito, ruídos... vamos a outra decepção: nos treinos livres de sábado, os carros literalmente sambavam no sambródromo. Sim, eles deslisavam! O mico foi tão grande que tiveram que parar tudo pra lixar a pista de madrugada e realizar o treino classificatório domingo cedo de manhã. 

Isso é assim o tempo todo!
(Créditos: velocidade.org)
Sem contar as ondulações na pista (consideradas normais...), a falta de organização por parte dos seguranças, aquela poeira formada pela lixa na pista na hora da largada, o problema de drenagem, a curva do S do samba mal feita e etc, ainda veio a tona a notícia de que a obra custou quase o dobro para os cofres públicos. De R$ 12 milhões previstos inicialmente, o evento custou mais de R$ 20 milhões. Decepções, decepções.

Porém, se compararmos o ano de 2010 com o de 2013, a coisa foi completamente diferente. Muitos elogios saiam por parte de quem ia pro autódromo e por parte da Indy na questão de organização na prova, na pista, nos seguranças... só que a mesma coisa que aconteceu em Jacarepaguá aconteceu em Sampa. Quando tudo parecia que "agora vai", resolvem cancelar a corrida quatro meses depois pelos mesmos motivos: muitos custos, além de problemas com o trafego de veículos na hora da prova (como se já não fosse assim 24 horas por dia durante sete dias da semana).

Isso ferrou com a Band. O lucro com a corrida havia sido de 500 milhões só na última edição, o que salvou a empresa naquele ano, pois vinha cortando gastos, mas continuava com planos pra Indy. O problema seria ainda maior, porque o contrato com a corrida era até 2019. Uma quebra de contrato sairia caro pra emissora do Morumbi, além de de ter deixado uma segunda marca de decepção na Indy.

Mas acalmem-se, não priemos cânico, porque Brasília vinha aí:

2015: terceira tentativa - Itaipava Brasília Indy 300

Pra fugir da multa de 9 milhões de dólares por quebra de contrato que a Band teria que pagar pra Indy, eles resolveram mexer nos pauzinhos e correram atrás de qualquer outro lugar pra receber a categoria. Tudo isso só pra não pagar essa quantia enorme de dinheiro (e eles já não tem muito...).

Até parece que ia dar tempo mesmo.
(Créditos: Jhonny Bonilla)
Daí resolveram fechar com Brasília pra receber a etapa de abertura no dia 8 de março de 2015, só que tem um porém muito grande: o autódromo Internacional Nelson Piquet nunca foi reformado desde sua inauguração, em 1974, dessa forma teriam que gastar muita grana pra reformar o autódromo a tempo de receber a Indy e também a Moto GP pra 2015. Muito mais do que foi gasto em São Paulo. Só que Brasília tem dinheiro, não tem?

Não, não tem. Vários funcionários públicos estão de greve graças à falta de pagamento dos seus salários. Isso inclui profissionais das áreas da saúde e educação, algo muito grave. Então, porque raios teriam que gastar cerca de 98 milhões de reais pra receber algo tão fútil como automobilismo, se comparado com saúde e educação? É aí que está o maior problema.

O pior é que temos um autódromo
destruído. (Créditos: NZR Consulting)
Segundo documentos do MP que já foram mostrados aqui no site, as coisas aconteceram por debaixo dos panos. No contrato e nas licitações haviam muitas irregularidades, mas muitas mesmo. Tantas que chegam a assustar. Tudo feito durante o mau governo de Agnelo Queiroz, ex-governador do Distrito Federal que trouxe a Indy para Brasília. Foi ele também que deixou o DF do jeito que está, com um rombo de 6,5 bilhões nos cofres públicos.

No final nem vai ter corrida e a confusão é grande. Dois terços dos ingressos foram vendidos, passagens de avião foram compradas, hotéis lotados... vesh. Sem contar que a culpa vai sobrar todinha pra Band, promotora do evento, porque no tal contrato feito diz que nem o DF nem a Terracap vão arcar com as consequências, que podem chegar a 30 milhões de dólares. Isso sem contar as indenizações para o pessoal que pagou o ingresso. Para quem fugia de uma multa de míseros 9 milhões de dólares...

Este está sendo o capítulo mais grave e a marca de decepção mais forte da Indy no Brasil, e talvez o último. Temos fãs revoltados, um autódromo demolido, uma categoria top chateadíssima com o que aconteceu e internautas gringos que culpam a própria Indy por toda essa confusão só pelo fato de confiar num país com um histórico de decepções como o nosso. Tá sobrando até pra categoria.

Cê acha que eles ainda voltam pro Brasil?

Talvez sim, mas será difícil. Pra não perder viagem, o presidente da NZR, Tony Cotman, que estava a par da obras no hoje demolido autódromo de Brasília. visita hoje o autódromo de Goiânia pra saber se eles podem realizar uma corrida, só que o próprio governo de Goiás não está interessado em receber a Indy, então praticamente podemos descartar essa possibilidade.

Outro local em que a Indy está de olho é COTA, por onde a F1 faz seu GP dos EUA. No mesmo fim de semana do dia 8 de março, a Pirelli World Challenge é a única categoria que corre por lá, e eles são parceiros da categoria, mas enfrentar Eddie Grossage, presidente do Texas Motor Speedway, que é contra mais uma prova no Texas é uma tarefa difícil. 

Tudo indica que o campeonato começa em St. Pete, no dia 29 de março, sem Indy no Brasil.


Fontes: F1Mania.net | Guia dos Curiosos | Pezzolo.tv | Portal UOL | Grande Prêmio

3 comentários:

  1. Não poderia ser em Santa Catarina no Beto Carrero?

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  2. Lá nem existe autódromo. Seria quase a mesma coisa de Brasília...

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  3. Pra Band não é vantagem arcar com os gastos e realizar a corrida, livrando-se de processos de quem se sentiu prejudicado, da multa e não manchando sua marca pelo insucesso causado? Ainda dá tempo, visto que temos ainda 32 dias pela frente? Se quiser, acho que dá, afinal as obras só pararam na última semana e quando quer, dá-se um jeito.

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